Folha de S. Paulo


Esvaziamento do lago de Furnas espanta turistas no sul de Minas Gerais

A seca prolongada tem afetado a piscicultura e o turismo na região do lago de Furnas, conhecido como o "mar de Minas", que já amarga prejuízo recorde estimado em R$ 30 milhões e faz com que hotéis ameacem fechar.

A represa atingiu o pior nível para esta época nos últimos 13 anos: está 10,75 metros abaixo da capacidade máxima.

As informações são de Fausto Costa, presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Lago de Furnas.

Segundo ele, a seca prejudica vários segmentos, como o turismo, já que o lago de Furnas banha 34 municípios do sul de Minas Gerais, além de impactar economicamente outras 16 cidades e ser refúgio de turistas da região de Ribeirão Preto (313 km de São Paulo).

O comitê estima que houve cerca de mil demissões ou reduções na carga horária de funcionários em hotéis, pousadas e restaurantes.

As localidades banhadas por Furnas têm áreas de camping, pesqueiros, passeios em trilhas e em motos aquáticas, lanchas e barcos.

Dona do Porto Fazenda Hotel, um dos mais tradicionais e que fica às margens da represa, a empresária Valéria Barbosa, 62, afirmou que reduziu em 50% o número de funcionários devido à seca.

Segundo ela, em 25 anos é a pior crise que já enfrentou. "Se não melhorar, devo fechar o hotel", disse.

Edson Silva/Folhapress
Píer de hotel que fica às margens da represa de Furnas, conhecida como o
Píer de hotel que fica às margens da represa de Furnas, conhecida como o "mar de Minas"

A situação está tão crítica que é cada vez mais raro receber hóspedes. Na última semana, apenas um dos 52 quartos estavam ocupados.

O problema também é enfrentado por Fábio dos Anjos Couto, 43, proprietário da Pousada dos Pescadores. "Nunca vivi nada parecido, parece até um pesadelo."

Já Flávio Cavenaghe, 60, dono do Hotel Paraíso das Garças, que também fica às margens da represa, disse que registrou queda de 30% no número de clientes.

A piscicultura é outra atividade prejudicada. Com a redução de 50% na criação em tanque, a estimativa de piscicultores locais é que o prejuízo já chegue a R$ 18 milhões.

Costa, da bacia hidrográfica, afirmou que antes da seca a produção era de cerca de 6.000 toneladas de peixes.

"É assustador ver [o nível do lago]. Tive de arranjar bicos para me sustentar, perdi quase toda a produção", disse Donizete Ramos, 43, que cria peixes há 11 anos.
Atualmente, há cerca de 500 piscicultores na área.

Um deles, Francisco Chagas, 54, disse que a previsão é que em dezembro a situação esteja ainda pior.

"Uma coisa puxa a outra. Não tem peixe, os restaurantes ficam no prejuízo e os clientes não vêm", disse.


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