Folha de S. Paulo


Para frear queda de público, rodeios buscam diversificar festas

Com o auge e a expansão dos rodeios no interior entre as décadas de 1990 e 2000, atrelados à popularização do sertanejo, as festas agora buscam diversificar para tentar frear a redução de público.

O problema atinge festas de peão tradicionais, como as de Barretos, Americana, Limeira e Jaguariúna.

A ausência de novidades no meio sertanejo, o novo comportamento de frequentadores, as ações de entidades de proteção animal e até a Copa são motivos apontados pelos eventos para a situação atual.

Com a maior festa do país, Barretos (423 km de São Paulo) estima neste ano 900 mil visitantes em 11 dias de evento. Nos anos 2000, chegou a receber um milhão.

Edson Silva/Folhapress
O peão Enéas Barbosa Alves durante montaria em Barretos
O peão Enéas Barbosa Alves durante montaria em Barretos

Jerônimo Luiz Muzetti, presidente de Os Independentes, organizador do evento, diz que a "essência" continua sendo o sertanejo, mas afirma que é preciso investir em programação com artistas de outros gêneros.

Neste ano, a festa aposta na funkeira Anitta, no cantor de axé Bel Marques e na banda de pagode baiana Psirico.

O desempenho do rodeio de Americana (127 km de São Paulo) tem assustado organizadores. Pelo segundo ano seguido, teve queda de público. Neste ano, o total (243 mil) foi 30% menor que em 2013 –que já havia sido 14% inferior a 2012.

Apesar de "culpar" a Copa por roubar a atenção da festa entre 14 e 22 de junho, o presidente do Clube dos Cavaleiros de Americana, Roberto Lahr, disse estudar medidas para o próximo ano.

Uma é reduzir o evento, já "encurtado" em quatro dias desde 2012. Mesmo assim, a média de público caiu 10,5% e registrou 30 mil visitantes diários neste ano. "Apesar de nomes como Luan Santana e Gusttavo Lima ainda renderem público, não são mais uma grande novidade."

Editoria de Arte/Folhapress

Marcelo Coghi, presidente da festa de Limeira (151 km de São Paulo), que em 2013 teve público de 140 mil, 12,5% menos que em 2012, já reduziu de sete para seis dias para concentrar atrações e manter o público, que "prioriza conforto e qualidade".

"As pessoas preferem vir um dia, ficar no camarote e beber uísque do que vir todos os dias e ficar na pista", diz.

Jaguariúna (123 km de São Paulo), que atraiu 100 mil pessoas nas últimas festas, mudou a data para setembro, mês do aniversário local. A organização será em parceria com a prefeitura, para tentar atrair mais público.

José Leonardo do Nascimento, docente da Unesp especializado em cultura caipira, disse que o declínio de público mostra que o modelo não representa tradições do caipira brasileiro. "Assim como outras cópias que fizemos da cultura americana, o rodeio atingiu seu auge e hoje já não exerce atração."


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