Folha de S. Paulo


Uberlândia (MG) usa peixes para combater epidemia de dengue

Para combater a epidemia de dengue, a Prefeitura de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, aposta no uso de uma espécie de peixe para reduzir a quantidade de larvas do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue.

O lebiste (Poecilia reticulata), conhecido também como "barrigudinho", é uma das armas do programa local de combate à doença. O animal é resistente à água com baixo teor de oxigênio e tem cerca de seis centímetros de comprimento.

As equipes despejam os peixes em locais como piscinas e tanques que podem acumular água parada.

A espécie se alimenta das larvas deixadas pelo mosquito, e com isso, interrompe o seu ciclo de reprodução.

Segundo o professor de saúde pública da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Araraquara (273 km de São Paulo), Adriano Mondini, estudos comprovam que cada lebiste é capaz de comer até 100 larvas do Aedes por dia.

"O lebiste é uma outra ferramenta que pode ser usada no combate ao mosquito para grandes recipientes, mas não podemos esquecer dos pequenos acúmulos de água", disse Mondini.

O professor afirmou também que nem sempre locais como piscinas e caixas de água devem ser o foco do combate.

Ele relata que durante o trabalho de campo chegou a encontrar larvas do mosquito em copo de água usado para guardar dentadura e até em casca de ovo jogada no lixo.

Henrique Castro Filho/Folhapress
Peixes são usados em Uberlândia (MG) para comer larvas do Aedes aegypti, transmissor da dengue
Peixes são usados em Uberlândia (MG) para comer larvas do Aedes aegypti, transmissor da dengue

O coordenador do programa de controle da dengue de Uberlândia, Paulo César Ferreira, disse que o uso do lebiste é eficaz e ecologicamente correto, porque reduz o uso de inseticidas que podem ser nocivos à saúde humana.

Segundo Ferreira, o peixe é uma das táticas usadas pela equipe que realiza também trabalhos como nebulização e vedação de criadouros.

A estratégia é usada pelos mineiros pelo menos desde 2005, quando a Prefeitura de Alfenas passou a distribuir o peixe para a população.

EPIDEMIA

Uberlândia registrou desde o início do ano 1.307 confirmações de dengue.

É a segunda cidade de Minas Gerais com mais ocorrências, ficando atrás apenas de Paracatu, a noroeste do Estado, que contabiliza 3.112 registros.

Segundo o coordenador do programa de controle da dengue de Uberlândia, há uma queda nas notificações de casos suspeitos desde o início do mês. A situação é considerada controlada.


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