Folha de S. Paulo


Passaredo lidera ranking de atrasos em voos no país

A Passaredo, companhia aérea com sede em Ribeirão Preto (313 km de São Paulo), é a campeã de atrasos entre as empresas do setor no país nos últimos 12 meses.

O índice de voos realizados com atraso pela empresa chega a 29% no acumulado do período, enquanto o total das outras companhias é de 10%.

Os dados são referentes aos voos com atrasos superiores a 30 minutos divulgados pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).

Em março, o atraso foi ainda superior à média: 35% dos voos realizados –528, de um total de 1.499– não apresentaram pontualidade.

Procurada, a Passaredo não respondeu aos questionamentos da Folha. Anteriormente, a aérea respondeu que teve problema mecânico em uma aeronave, o que motivou um atraso específico.

Edson Silva/Folhapress
Funcionários da Passaredo embarcam bagagens em avião no aeroporto Leite Lopes, em Ribeirão Preto
Funcionários da Passaredo embarcam bagagens em avião no aeroporto Leite Lopes, em Ribeirão Preto

No mesmo mês de março, a Sete Linhas Aéreas –sediada em Goiânia (GO) e que atende localidades das regiões Centro-Oeste e Norte do país– atrasou 16% dos seus voos realizados.

A TAM registrou um índice de 9%, seguida por Azul e Gol, com 6% cada uma, e Avianca Brasil, 2%.

Os atrasos nos voos programados podem ser, de acordo com especialistas, provocados por adversidades no clima, problemas mecânicos com aeronaves ou também entraves com a tripulação.

Segundo o professor de engenharia aeronáutica da USP (Universidade de São Paulo) de São Carlos James Rojas Waterhouse, apenas 1% dos atrasos, no entanto, estão relacionados a problemas ligados a condições climáticas.

No último dia 25 de abril, a Passaredo, que enfrenta um processo de recuperação judicial após declarar dívidas de R$ 100 milhões, deixou 12 passageiros no aeroporto de Guarulhos e voou com o avião parcialmente vazio numa viagem noturna com destino a Ribeirão Preto.

O voo 2260 estava com saída prevista para 22h30, mas partiu somente à 1h20, chegando com parte das poltronas vazias. Bagagens também foram deixadas para trás.

No início do mês, a Folha revelou que a empresa, para conseguir economizar combustível, adotou um procedimento de deixar para trás algumas bagagens.

O problema foi verificado entre Guarulhos e Vitória da Conquista (BA), neste ano.

As bagagens foram deixadas porque a aérea não está abastecendo aviões em Vitória da Conquista, o que a obriga a carregar mais combustível no avião para conseguir chegar até Salvador (BA), etapa seguinte do voo.

Funcionários dizem que isso ocorre porque a Passaredo tem dívidas com uma distribuidora de combustíveis –a empresa não confirma.

EXCESSO

Para o docente da USP de São Carlos, as companhias sobrecarregam sua capacidade de voo para aumentar a rentabilidade e, com isso, prejudicam o fluxo aéreo.

"Avião no chão é sinal de prejuízo [à companhia]."

Sendo assim, as empresas agendam, para uma mesma aeronave, viagens sequenciais com intervalos curtos.

"Quando uma viagem atrasa no início do dia, ocorre um efeito dominó para vários outros trechos agendados."


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