Folha de S. Paulo


Faculdade identifica sete veteranos suspeitos de praticar trote violento

Sete estudantes do curso de medicina da Famerp, de São José do Rio Preto (438 km de São Paulo), foram identificados como autores de trotes violentos contra alunos do primeiro ano.

O anúncio foi feito nesta quarta-feira (23) pela direção da faculdade.

Segundo a instituição, os abusos ocorreram numa festa realizada no dia 18 de fevereiro deste ano, em uma chácara de Rio Preto.

Um dos alunos, que alega ter sido vítima de violência, chegou a registrar um boletim de ocorrência e desistiu de seguir no curso.

A sindicância interna formada por dois professores ouviu 77 dos 80 calouros. Desses, 13 afirmaram que não estiveram na festa em que o trote violento ocorreu, de acordo com a faculdade.

Entre os 64 estudantes que participaram, 33 disseram ter achado "tudo normal" e 31 não aprovaram as atitudes dos veteranos. Desses, 12 identificaram os sete veteranos.

Foram identificados sete estudantes que teriam comandado ações como "banho de cerveja extremamente gelada na cabeça e nuca dos calouros", "humilhação e ameaças físicas e verbais", além de obrigarem algumas pessoas a beberem cerveja e praticarem o chamado "mastiguinho" –quando as mulheres são obrigadas a mastigar grãos de alho e passar de boca em boca para outras colegas.

Agora, a direção da faculdade vai investigar a violência por meio de uma sindicância.

"Os sete veteranos e os 12 alunos que os identificaram vão ser ouvidos novamente. Os alunos terão um prazo para recorrer. Podem ser advertidos, suspensos ou até mesmo expulsos", disse o diretor geral, Dulcimar Donizete de Souza.

TRAUMA

Por telefone, o estudante que levou o caso à polícia dizendo ter sido agredido durante o trote afirmou ao diretor da Famerp que não pretende voltar à instituição. Ele quer cancelar a matrícula, segundo o diretor.

Para a polícia, o aluno disse que foi agredido pelos veteranos com chutes, tapas e golpes de garrafas. Afirmou ainda que jogaram cerveja e urinaram em cima dele, que foi obrigado a ficar de joelhos e a carregar dez garrafas de cerveja gelada na cabeça.

Ele chegou a desmaiar e foi socorrido por outros estudantes que estavam na festa.

"Esses estudantes ultrapassaram todos os limites possíveis para um profissional que futuramente vai cuidar de pessoas. A faculdade está entristecida, um clima de luto", afirmou o diretor geral.

A Folha não conseguiu falar com o estudante nesta quarta-feira (23).

Ele terá seis meses para registrar representação e pedir à polícia que investigue o caso. Até hoje, ele não procurou a delegacia para dar prosseguimento ao caso.


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