Folha de S. Paulo


Alckmin nega caráter eleitoreiro em adiamento de reajuste de água pela Sabesp

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), negou caráter eleitoreiro na decisão da Sabesp de não aplicar imediatamente o índice autorizado de 5,4% de reajuste na conta de água.

"Isso não tem nada a ver com reeleição", afirmou o tucano nesta segunda-feira (21) em Franca (400 km de São Paulo), durante cerimônia de entrega de ambulâncias e anúncio de repasse de recursos financeiros à Santa Casa do município.

A crise no abastecimento da Grande São Paulo tem sido explorada por adversários políticos do governador, que é pré-candidato à reeleição. O sistema Cantareira, conjunto de represas que abastece 8 milhões de pessoas na região, está com 12% de sua capacidade –o mais baixo da história, situação considerada crítica.

O governador chegou a admitir o racionamento como uma possibilidade, mas nenhuma medida do tipo foi adotada até o momento.

"Se for necessário será feito [o racionamento]", disse. "Esse é um monitoramento que é feito dia a dia pela Secretaria de Recursos Hídricos e pela Sabesp."

Márcia Ribeiro/Folhapress
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), durante discurso nesta segunda-feira (21) em Franca
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), durante discurso nesta segunda-feira (21) em Franca

A Sabesp foi autorizada na sexta-feira (18) pela Arsesp (Agência Reguladora de Saneamento e Energia de São Paulo) a reajustar a tarifa em 5,4%, índice calculado com base na inflação.

Apesar disso, a Sabesp afirmou, em comunicado a acionistas, que decidiu prorrogar o reajuste até, no máximo, o final de dezembro.

Segundo afirmou Alckmin nesta segunda-feira, a Sabesp reajustou o preço da tarifa de água há seis meses, em novembro, e esse tipo de revisão é feito anualmente. "A empresa decide o momento em que a revisão deve ser aplicada", disse.

RIO GRANDE

O governador também afirmou nesta segunda-feira que regiões da Grande São Paulo hoje abastecidas pelo sistema Cantareira terão o fornecimento de água feito pelo sistema do rio Grande.

A operação deve ser realizada "em alguns meses", segundo o governador. O sistema Rio Grande fica em um braço da represa Billings e abastece as cidades de Diadema, São Bernardo do Campo e parte de Santo André.

Este será o terceiro sistema de abastecimento a verter água para regiões antes abastecidas pelo Cantareira. Com a falta de chuvas no início do ano, a Sabesp passou a captar água para bairros da capital nos sistemas Alto Tietê e Guarapiranga.

ECONOMIA

Alckmin também citou dados da Sabesp, divulgados no final de março, que mostram que 76% da população atendida pelo sistema Cantareira reduziu o consumo de água depois de implantado o sistema de desconto na conta para quem economizasse.

O governo concedeu 30% de desconto para quem reduziu o consumo em 20%. Segundo a Sabesp, a meta foi atingida por 37% dos consumidores. Outros 39% reduziram o consumo, mas não atingiram o índice necessário para ter o desconto.

"O bônus deu um excelente resultado. Por isso não precisou ser feito o racionamento, nem nenhuma outra medida. A população deu uma grande colaboração."

O governador afirmou ainda que deverá ser implantado em maio o programa da Sabesp que prevê taxa extra para quem aumentar o consumo. A taxa será de 30% sobre o valor da conta de água.

POLÍTICA

A crise no abastecimento será o tema central da propaganda que o PT levará à TV a partir de quarta-feira (23) na tentativa de desgastar o governador, segundo revelou a Folha neste domingo.

O ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha (PT) é pré-candidato ao governo do Estado e deverá explorar o tema na campanha.

Na quinta-feira (20), o pré-candidato do PMDB ao governo do Estado, Paulo Skaf, criticou o pedido de Alckmin ao governo federal para utilizar o volume excedente do Rio Paraíba do Sul para abastecer o sistema Cantareira.


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