Folha de S. Paulo


Alckmin diz que mais de mil PMs podem voltar às ruas com troca por civis no "190"

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), afirmou nesta segunda-feira (21) que ao menos mil policiais militares podem voltar às ruas para patrulhamento ostensivo em função da substituição por civis no primeiro atendimento telefônico do 190 no Estado.

No último dia 10, a Folha mostrou que mecânicos, atendentes do 190, assessores de imprensa, guarda de quartel e equipes do departamento pessoal são considerados agora pelo governo estadual como policiais militares de rua.

Essa foi a fórmula encontrada pelo Estado para "aumentar" o efetivo operacional da PM, utilizado no combate direto ao crime nas ruas, em mais de 14 mil homens –embora eles atuem majoritariamente dentro dos quarteis.

"Pretendemos deixar só o despacho [da ocorrência] com a Polícia Militar. Vamos começar com São Paulo, contratando uma empresa para fazer o primeiro atendimento e só o despacho com a Polícia Militar", disse Alckmin.

A declaração foi dada nesta manhã em Franca (400 km de São Paulo). Na cidade, os vereadores cobram o atendimento local do 190 da PM, atualmente, feito em Ribeirão Preto (313 km de São Paulo).

Márcia Ribeiro/Folhapress
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), durante discurso nesta segunda-feira (21) em Franca
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), durante discurso nesta segunda-feira (21) em Franca

Segundo o governador, a medida poderá possibilitar que mais de mil policiais que atualmente fazem o atendimento possam ir para o policiamento nas ruas. "O que precisa é atendimento rápido e eficiente, e um maior número de policiais fazendo o patrulhamento", disse o tucano. "Temos o dever de gastar menos dinheiro na atividade-meio e mais [dinheiro] na atividade-fim."

Também no último dia 6, a Folha mostrou que, na contramão dos indicadores de roubos, que só crescem, o Estado de São Paulo perdeu 3.000 homens de seu efetivo policial nos últimos dez anos e viu cair abaixo da média mundial sua taxa de policiais por grupos de 100 mil habitantes.

190

A medida também visa conter as reclamações de municípios médios que não têm o atendimento no município. Os vereadores de Franca se uniram aos parlamentares de Araraquara (273 km de São Paulo), que também reivindicam o atendimento local do 190, também concentrado em Ribeirão Preto.

A mudança ocorreu no ano passado. Somente após o primeiro atendimento no 190 é que a corporação é acionada no município de origem da chamada.

No começo do ano, o presidente da Câmara de Araraquara, João Farias (PRB), afirmou que o método inviabiliza a rapidez e a qualidade no atendimento das emergências, pois os policiais que atendem as ligações não estão familiarizados com a cidade, o que dificulta a compreensão sobre endereços e pontos de referência.

À época, a Polícia Militar informou, por meio de nota, que a concentração do atendimento na central em Ribeirão Preto tem o objetivo de buscar a "excelência do serviço".

Segundo a PM, o atendimento do 190 é centralizado em todo o Estado, nas principais cidades de cada região.

O 190 terceirizado não é novidade no Brasil. Foi implantado em 2000 em Fortaleza e depois em Estados como Rio, Minas, Maranhão, Sergipe e no Distrito Federal.


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