Folha de S. Paulo


Infestação cai, mas dengue atinge 47 cidades da região de Ribeirão Preto

Apesar de a infestação ter caído em relação ao ano passado, já foram confirmados casos de dengue em 47 cidades da região de Ribeirão Preto (313 km de São Paulo) em 2014. São 10% do total de registros do interior do Estado.

Segundo o CVE (Centro de Vigilância Epidemiológica) estadual, foram confirmados 16.166 casos da doença no interior, o que representa 82% de todo o Estado no primeiro trimestre deste ano.

Os 47 municípios da região concentram 1.635 registros.

A pior situação é a de Boa Esperança do Sul (301 km de São Paulo), que confirmou 727 casos, um deles hemorrágico.

A cidade tem 14.356 habitantes, o que significa que em média um em cada 20 moradores teve dengue. É a pior situação, nessa comparação, no Estado.

O total de casos na cidade é 1.764% superior ao acumulado do mesmo período de 2013, segundo dados do CVE.

Edson Silva/Folhapress
Agente do Controle de Vetores nebuliza área na Vila Tibério, em Ribeirão Preto
Agente do Controle de Vetores nebuliza área na Vila Tibério, em Ribeirão Preto

A secretária da Saúde de Boa Esperança, Angelita Barra, afirmou que a cidade intensificou o trabalho de combate com vistorias de 15 em 15 dias em bairros afetados.

Para ela, o avanço foi controlado. O município registrou 444 casos em fevereiro, ante 125 no mês de março.

"Estamos fazendo a identificação rápida da doença para que os casos não sejam agravados", afirmou.

Apesar do grande número de casos, a cidade não registrou nenhuma morte causada pela doença.

Entre os dez maiores municípios da região, Araraquara (273 km de São Paulo) é o que acumula mais casos, com 148. A secretária da Saúde da cidade afirmou que foi definida uma força-tarefa para a eliminação de criadouros e conscientização.

Em todo o interior, ao menos seis mortes foram confirmadas, sendo quatro na região de Campinas (93 km de São Paulo) e outras duas em Jaú (287 km) e Araçatuba (527 km).

Especialistas dizem que o calor intenso pode ter colaborado com o crescimento da doença nestes locais.

"Estudos apontam que o Aedes aegypti [o mosquito transmissor], fica mais ativo com temperaturas mais altas. Ele pica mais", disse Celso Granato, infectologista da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

A variação do vírus também é um fator de crescimento da doença.

"Há pessoas que ainda estão suscetíveis ao vírus, sem imunidade", afirmou Benedito Antônio Lopes da Fonseca, infectologista da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da USP.

Apesar da preocupação, a doença apresentou recuo de 93,3% na região em relação ao mesmo período de 2013, quando foram registrados 24.522 casos.

No Estado, o recuo é de 82,34% –19.753 confirmações, ante 111.873 de 2013.


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