Folha de S. Paulo


Vazão do rio Pardo atinge nível mais baixo desde 1970 no interior de SP

A capacidade de fornecimento de água do rio Pardo é a mais baixa para o mês de abril nos últimos 44 anos. A situação, já crítica, se agravará se não chover acima da média nos próximos meses, prejudicando o abastecimento de municípios da região.

A estiagem –que também atinge outros rios no interior paulista– indica que, se não houver uma mudança climática drástica, vai faltar água na região já no inverno, que começa em junho.

O nível de vazão do rio Pardo alcançou na região de Ribeirão Preto (313 km de São Paulo) nível mínimo nesta semana de 54 mil litros por segundo. Para o mês, é o menor registro desde 1970.

A média para esta época do ano é de 262 mil litros, situação que faz com que cidades busquem alternativas para evitar o racionamento e preocupa a direção regional do Daee (Departamento de Águas e Energia Elétrica).

A profundidade do rio Pardo em Ribeirão oscila de 89 cm a 58 cm num mesmo dia, ante a média de 1,70 m.

O nível do rio foi prejudicado pela estiagem dos últimos meses, que proporcionou o verão mais seco desde 1989, segundo o Cepagri, da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).

Choveu no Estado 35% do previsto para toda a estação. Em Ribeirão, as chuvas de 2014 atingiram 178 milímetros, ante a média de 674 milímetros –73% menos.

Agora, no outono, não há mais previsões de chuvas que possam recuperar os níveis de rios e reservatórios.

"Até há previsão de chuva para este mês, mas não o suficiente para encharcar o solo e promover a recuperação", disse a meteorologista do Cepagri Ana Ávila.

A previsão do Daee é que faltará água nas cidades abastecidas pelo rio e afluentes caso as previsões meteorológicas se confirmem.

"Se as médias históricas forem mantidas para os próximos meses, vai faltar água e haverá consequências para o abastecimento, agricultura e até para a produção de energia no Estado", afirmou o diretor regional do Daee Carlos Alencastre.

Ele disse que a falta d'água poderá ser sentida nos municípios que fazem a captação superficial, ou seja, são abastecidas por rio, prioritariamente, e não por poços.

Altinópolis (333 km de São Paulo) já admite racionar água e Cajuru (298 km de São Paulo) se prepara para captar água de um segundo rio por causa da situação.

O rio é o principal da Bacia do Pardo, que atende 23 municípios. Ribeirão é atendida, mas faz seu abastecimento captando água do aquífero Guarani por meio de poços.

Outros rios da região também enfrentam as consequências da estiagem.

O Canoas, responsável por 80% do abastecimento de Franca (400 km de São Paulo), está com nível abaixo da média. Entra em funcionamento na próxima semana um sistema de captação de dois poços profundos em Restinga –é uma alternativa para evitar o racionamento no inverno.


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