Folha de S. Paulo


Contra protestos, Câmara proíbe mascarado em prédio público de Ribeirão Preto

Os vereadores de Ribeirão Preto (313 km de São Paulo) aprovaram em sessão na noite desta quinta-feira (27) a proibição do uso de máscaras ou adereços faciais que impeçam a identificação dentro de prédios públicos da cidade.

A interdição vale para as próprias sessões da Câmara e foi determinada com endereço certo: os integrantes de diversos movimentos sociais da cidade que, desde novembro do ano passado, tem realizado protestos no plenário.

Em 19 de dezembro, manifestantes atiraram ovos contra os vereadores, um sinalizador e ao menos duas bombas. O protesto pedia concurso público para a contratação de professores.

"Os mascarados foram os maiores vândalos durante as manifestações", afirmou o vereador Paulo Modas (Pros), autor do projeto. Modas afirmou não ser contrário aos protestos, mas disse censurar a ocultação da identidade dos manifestantes.

No plenário, integrantes de movimentos sociais de Ribeirão como Passe Livre, Panelaço e Se Vira Ribeirão acompanharam a sessão e criticaram os vereadores após a aprovação do texto.

"Agora estão resolvidos os problemas da cidade", gritaram mais de uma vez após a votação.

Ao menos sete entre os 16 que integravam o grupo acompanharam a sessão usando máscaras.

O estilo do adereço variou do pano preto cobrindo a face a máscaras de monstros de filmes de terror.

"O projeto é inconstitucional. Cada um se manifesta como quiser", afirmou o vereador Beto Cangussu (PT), que se absteve de votar, assim como os vereadores Marcos Papa (PV) e Ricardo Silva (PDT).

Os outros 16 vereadores em plenário votaram favoravelmente à proibição.

"Não participo de manifestação usando máscara, mas se o projeto for aprovado vou passar a usar", afirmou o publicitário Alessandro Merighi, 28, que integrava o grupo dos movimentos sociais, momentos antes de o texto ser aprovado.

"A máscara é necessária justamente porque temos um Estado policial", disse.

O projeto original proposto por Modas era mais restritivo. O texto previa que o uso de máscaras ficaria proibido em toda a cidade durante manifestações populares. Também permitia que o mascarado que fosse flagrado pelos guardas civis municipais poderia ser levado à delegacia.

Nesta quinta-feira, Modas apresentou um substitutivo ao projeto que limitou a proibição apenas ao interior dos prédios públicos municipais.

Agora, a única punição prevista é a expulsão do mascarado do prédio.

O projeto ainda precisa ser sancionado pela prefeita Dárcy Vera (PSD) para virar lei.

O líder da prefeita na Câmara, Genivaldo Gomes (PSD), afirmou que o assunto não foi discutido com o Executivo.

Ele disse apoiar a proibição. "Sou contra usar máscara em qualquer lugar. Eu gosto do diálogo."


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