Folha de S. Paulo


Folião que teve 3 paradas cardíacas nos últimos 3 Carnavais planeja desfilar em 2015

Apesar de ter sofrido três paradas cardíacas nos últimos três Carnavais, o aposentado Celso Blanc, 63, já tem um plano definido para 2015: estará no sambódromo de Batatais (352 km de São Paulo), de onde foi socorrido no último final de semana após cair de um carro alegórico enquanto desfilava.

O folião teve alta hospitalar nesta quinta-feira (6) de manhã, após passar cinco noites internado na Santa Casa de Batatais, quatro delas na UTI (Unidade de Terapia Intensiva).

"Sei que posso fazer só o que tenho condições [de saúde], mas extrapolo porque quero ver o melhor", disse ele, que foi por dois anos jurado do Carnaval paulistano.

Blanc desmaiou quando desfilava em um carro alegórico do bloco Estação do Samba, na abertura do Carnaval de Batatais, e caiu de uma altura de três metros.

Foi socorrido e reanimado, ainda dentro do sambódromo, antes de ser levado para o hospital.

Já parece ser rotina. Em 2013, ele também estava no leito da UTI quando a escola do coração, a Unidos do Morro, da qual é um dos fundadores, fez seu desfile e foi campeã pela terceira vez.

Ele sofreu uma parada cardíaca dias antes, enquanto buscava a porta-bandeira para uma apresentação.

No Carnaval de 2012, Blanc chegou a entrar na passarela do samba, como neste ano. Passou mal, foi para casa e acabou sofrendo a parada posteriormente.

"É muita adrenalina, que leva à complicação", afirmou o médico Thiago César Carneiro, que socorreu Blanc ainda no sambódromo.

Edson Silva/Folhapress
Celso Blanc, 63, que sofreu três paradas cardíacas em três Carnavais, em sua casa, em Batatais
Celso Blanc, 63, que sofreu três paradas cardíacas em três Carnavais, em sua casa, em Batatais

De acordo com o médico, o aposentado tem a saúde frágil por causa de um infarto que sofreu há dez anos –sem ligação com o Carnaval–, além das paradas cardíacas mais recentes.

"Eu nem deveria estar lá [na agremiação], mas me envolvo muito fisicamente e emocionalmente com a minha escola do coração", afirmou Blanc.

Por causa do coração, ele não viu os dois desfiles da escola neste ano. "Fico quatro meses trabalhando e depois, na hora de aproveitar os doces da festa, não estou lá."

Apesar disso, não ficou sem notícias, mesmo na UTI. De acordo com ele, a equipe de enfermeiros e da limpeza do hospital levavam informações sobre o Carnaval.

"Chegavam na minha cama e diziam baixinho: 'Este ano não tem para ninguém, vai dar Morro'."

Mesmo com o histórico, afirmou que não pensa em abandonar o samba, para contragosto da família.

A mulher, Marilene, 59, e as filhas, Francilene, 38, Emilene, 37, e Sirlene, 32, dizem que pretendem segurá-lo em casa no ano que vem, mas sabem que será muito difícil.

"A turma está dizendo que sou o talismã da escola e que eu tenho de ir para UTI para ela ser campeã."

Blanc e sua mulher fundaram em 1984 o bloco Unidos do Morro, que deu origem em 93 à escola de mesmo nome.

Participou de todos os desfiles da escola de samba até 2011. Hoje, é diretor de alegoria da agremiação, mas já fez quase tudo. "Só nunca desfilei de baiana."


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