Folha de S. Paulo


Suspeito de roubo sofre infarto após ser imobilizado

A Polícia Civil de Franca (400 km de São Paulo) vai apurar se o carregador de caminhão Lucas César Oliveira, 22, suspeito de roubar um telefone celular, sofreu infarto em decorrência do golpe no pescoço que levou de um adolescente de 17 anos.

O caso ocorreu na segunda-feira (24) à tarde. Oliveira continuava internado no Hospital do Coração em estado grave até as 20h desta terça-feira (25).

Ele é suspeito de roubar o celular de uma mulher no bairro São Joaquim. Oliveira fugia correndo por um campo de futebol quando foi imobilizado pelo adolescente com um golpe chamado popularmente de "mata-leão".

O delegado João Walter Tostes Garcia, responsável pelo caso, disse que o caso será "rigorosamente apurado".

Ele aguarda o resultado do exame de corpo de delito e o prontuário médico para identificar se o infarto foi provocado pelo golpe.

Rafa Mendes/FIV/Lab
O ladrão Lucas Oliveira (sem camisa) é imobilizado no bairro São Joaquim, em Franca
O ladrão Lucas Oliveira (sem camisa) é imobilizado no bairro São Joaquim, em Franca

"O adolescente viu uma mulher com uma criança de colo ser assaltada e se sentiu na obrigação de protegê-la. Caso seja comprovado que o golpe provocou o infarto, o adolescente será responsabilizado", disse Garcia.

O adolescente prestou depoimento nesta terça-feira e relatou que tinha a intenção de imobilizar o suposto assaltante até a chegada da polícia, segundo o delegado.

O pai de Oliveira, o mototaxista Ednilson da Silva, 40, identificou o filho em fotos na internet que mostram o rapaz imobilizado.

"Sempre foi um menino tranquilo, mas ultimamente acho que estava envolvido com drogas. Assustei quando vi as fotos, mal acreditei que era ele", disse.

O rapaz morava em São José da Bela Vista (393 km de São Paulo) e mudou-se para Franca há menos de um mês para trabalhar como carregador. Ele já foi preso por furto, segundo a polícia.

Garcia disse que o adolescente não cometeu crime ao imobilizar o suspeito, mas que não é recomendado que "pessoas comuns" façam isso.

"Ele não sabia se o homem estava armado ou não, e poderia ter se machucado. Nesse caso, apesar de ter boa intenção, ele pode ser responsabilizado pela agressão."

Thiago Granzotti, coordenador da comissão de direitos humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de Franca, disse que irá acompanhar o caso.


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