Folha de S. Paulo


Corpo de garota esfaqueada em Mococa (SP) foi limpo após crime, diz polícia

O corpo da menina Íris Cardoso, 8, morta a facadas em Mococa (262 km de São Paulo), foi achado com roupas limpas e sem marcas de sangue. Para a polícia, quem a matou limpou o corpo e trocou a roupa da garota antes de jogá-lo em um terreno. Mãe e padrasto estão presos.

A afirmação é do delegado Wanderley Fernandes Martins Junior. Segundo ele, as três facadas que atingiram a menina perfuraram o pulmão esquerdo e o corpo da menina não apresenta lesões de tentativa de defesa.

"Isso pode significar que ela estava dormindo quando foi atingida. Quem fez tinha a certeza de que estava fazendo para matar", afirmou.

A polícia prendeu a mãe, Ana Paula Milani, 36, e o padrasto, Sebastião Carlos Rodrigues, 27, porque encontrou toalhas e roupas com supostas manchas de sangue no quarto do casal.

Encontrou ainda na casa uma faca de cozinha compatível com os ferimentos. O banheiro do imóvel também estava molhado. A Justiça decretou a prisão temporária do casal no domingo (5).

Silva Junior/Folhapress
A polícia lacrou a casa onde a menina Íris, encontrada morta no sábado, morava com a mãe, irmãos e o padrasto em Mococa
A polícia lacrou a casa onde a menina Íris, encontrada morta no sábado, morava com a mãe, irmãos e o padrasto em Mococa

Iris foi encontrada no sábado, em um terreno perto da sua casa, no bairro Mocoquinha, periferia da cidade. "Ela parecia uma boneca, esses manequins de loja, com a roupa limpinha", afirmou Sebastião Alves Pio, dono de um bar ao lado do terreno. Foi ele quem encontrou a menina e avisou a mãe.

A reação da mãe ao ver o corpo da filha foi outro fator que levou a Polícia Civil a considerar o casal suspeito. "A frieza da mãe com a situação foi impressionante", afirmou o delegado.

O delegado disse que apurou com familiares e vizinhos que o casal costumava brigar. "Ele batia nela [Ana Paula] e nas crianças", disse. Ana Paula é mãe de dez filhos.

Três deles moravam com a mãe. Entre a noite de sexta-feira (3) e a manhã de sábado (4), apenas Íris estava com o casal, segundo a Polícia Civil.

De acordo com familiares, o pai biológico de Íris está preso. A polícia pretende ouvi-lo também.

Em depoimento, o padrasto disse à polícia já ter sido preso no Maranhão, mas negou envolvimento na morte, assim como a mãe da garota.

Eles, que ainda não têm advogado constituído, alegam que viram a menina pela última vez na noite de sexta.

O laudo do IML (Instituto Médico Legal) sobre as agressões ao corpo de Íris deve sair em 10 dias.


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