Folha de S. Paulo


Cidades da região de Ribeirão Preto (SP) veem onda de explosões em bancos

A região de Ribeirão Preto (313 km de São Paulo) vive uma onda de explosões a caixas eletrônicos nos últimos meses, o que fez essa modalidade de crime crescer 523% em apenas um ano.

Foram 131 ataques no ano passado, distribuídos em 27 cidades, ante os 21 mapeados no ano anterior, conforme levantamento feito pela Folha.

Apesar de a polícia ter prendido em julho um ladrão considerado líder da quadrilha que agia em Ribeirão, os números não pararam de crescer. Agora, a polícia afirma que os ladrões que agem na cidade e no entorno são da região de Campinas.

Há locais que foram alvo mais de uma vez, como uma agência no Quintino Facci 2 (zona norte de Ribeirão), que sofreu quatro explosões.

Os caixas eletrônicos que ficam dentro do campus da USP também são alvo constante da ação de criminosos.

Em outubro, o Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais) precisou retirar um explosivo que não foi detonado e ficou em uma das agências.

Quinze dias antes um caixa já havia sido explodido e o dinheiro, levado do local.

O levantamento aponta ainda que o crime está pulverizado na região. Cidades menores, como Terra Roxa (406 km de São Paulo), que possui só um banco, viraram atrativo para os ladrões, principalmente por terem baixo efetivo policial.

Em agosto, homens armados explodiram um equipamento e fugiram em uma camionete, de acordo com a PM.

Já em Serra Azul (302 km de São Paulo), uma agência foi alvo pela quarta vez em novembro e houve troca de tiros com a polícia.

Na madrugada do dia 20 de dezembro, houve confronto entre ladrões e policiais militares em Buritizal (436 km de São Paulo) e Itirapuã (420 km), onde 12 homens fortemente armados fizeram disparos na então pacata praça central.

Além do baixo efetivo da polícia, as fáceis rotas de fuga dos locais são os pontos explorados pelos assaltantes em cidades menores.

A atuação geralmente ocorre durante a madrugada e aos finais de semana.

Mariana Martins - 5.mai.2013/Folhapress
Caixa eletrônico explodido em loja de conveniência de um posto de combustíveis, em Ribeirão Preto
Caixa eletrônico explodido em loja de conveniência de um posto de combustíveis, em Ribeirão Preto

INVESTIGAÇÃO

De acordo com a Polícia Civil, há investigações em andamento e cruzamento de dados entre as delegacias de todo o Estado para que os criminosos sejam identificados.

Em julho, a polícia prendeu Julio Cesar Deleigo, 33, apontado como suspeito de liderar ao menos dez ataques na região.

Segundo o delegado João Osinski Júnior, diretor do Deinter-3 (Departamento de Polícia Judiciária do Interior), as quadrilhas que agem em Ribeirão e cidades do entorno são, principalmente, da região de Campinas.

Ainda de acordo com ele, esses grupos trocaram as dinamites por artefatos caseiros. Isso porque falhas na segurança das próprias agências bancárias permitem a prática, diz o delegado.

"Não vejo a contrapartida da segurança pelos bancos. Além disso, é inadmissível que caixas eletrônicos tenham um alto valor de dinheiro sem que haja a devida segurança", afirmou.

Em nota, a PM informou que está reforçando o policiamento com o apoio da Força Tática e está em contato com gerências de agências para encontrar medidas conjuntas para a solução do problema.

Já a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) informou, também por meio de nota, que os bancos trabalham em parceria com governos, polícias e o Judiciário para o combate dos crimes.

Mariana Martins - 26.out.2013/Folhapress
Policial militar do Gate retira explosivo que não foi detonado em uma das agências localizadas na USP, em Ribeirão Preto
Policial militar do Gate retira explosivo que não foi detonado em uma das agências localizadas na USP, em Ribeirão Preto

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