Folha de S. Paulo


Novo gasoduto deverá ligar São Carlos (SP) a Recanto das Emas (DF)

Após o anúncio do governo de Minas Gerais, da construção de um gasoduto ligando Betim a Uberaba, a TGBC (Transportadora de Gás Brasil Central) informou que também fará a implantação de um outro gasoduto passando pela cidade do Triângulo Mineiro.

No projeto da empresa, o gasoduto sairá de São Carlos (232 km de São Paulo) e chegará a Recanto das Emas (DF). Orçado em US$ 1 bilhão, o duto tem 905 quilômetros de extensão e o prazo total para execução é de três anos.

Agora, os dois gasodutos --do governo mineiro e da TGBC-- poderão abastecer a fábrica de amônia da Petrobras em Uberaba, cuja previsão das operações é para o final de 2016.

Até início do mês passado, a fábrica não tinha alternativas de abastecimento por gás. O governo mineiro tentou um acordo com o governo de São Paulo para uma ligação com Ribeirão Preto (313 km de São Paulo), o que não aconteceu.

Diante disso, o governador Antonio Anastasia (PSDB) anunciou a obra para levar gás de Betim para o Triângulo Mineiro. O projeto, em parceria com a Cemig e a Gasmig, está orçado em R$ 1,8 bilhão, valor quase quatro vezes maior que a ligação com Ribeirão ou quase duas vezes superior à outra proposta, da ligação a partir de São Carlos.

TGBC

Segundo a TGBC, o gasoduto vai transportar 5,5 milhões de metros cúbicos por dia de gás natural a partir da Estação de Compressão de São Carlos até o ponto de entrega de Recanto das Emas (DF). A obra passará 37 municípios para interligar as regiões Sudeste e Centro-Oeste, e incluirá a construção de sete pontos de entrega do gás, entre eles nas cidades de Uberaba e Uberlândia.

Mesmo sem ter a fábrica da Petrobras como cliente âncora, o diretor-administrativo da empresa, André Macedo, afirmou que o gasoduto entre São Carlos e Recanto das Emas está mantido. Segundo ele, quase todos os procedimentos burocráticos já foram vencidos para o início da obra. "Nós iremos tocar o projeto normalmente", disse.

Na semana passada, o Ibama emitiu a licença para instalação da obra e a empresa deu entrada no pedido de autorização de construção na ANP (Agência Nacional do Petróleo), última etapa para consolidar a implantação do duto.

A agência tem prazo de até três meses para se manifestar sobre o pedido, mas o diretor da empresa acredita que o início da obra seja liberado em tempo menor. Por isso, a TGBC já prepara para realizar até o fim do ano uma chamada pública de alocação de capacidade do gasoduto.

"Várias indústrias já demonstraram interesse em ir para Goiás e para o Distrito federal com a possibilidade do gasoduto", disse Macedo.

Segundo ele, embora o foco inicial seja impulsionar a indústria, o gás também poderá ser utilizado para a geração de energia em termoelétricas e ainda ser distribuído para abastecer veículos e condomínios residenciais.

PROJETO INICIAL

O projeto da TGBC era a proposta original para o abastecimento da fábrica de amônia da Petrobras em Uberaba. Foi, inclusive, a solução anunciada pelo então governador Aécio Neves (PSDB) em 2010 e depois reiterado pelo sucessor Antonio Anastasia (PSDB) na assinatura de um protocolo de intenções com a petrolífera em 2011.

Porém, o duto a partir de São Carlos foi descartado sem explicações pelo governo de Minas, que passou a buscar o prolongamento de um ramal de distribuição a partir de Ribeirão Preto. A segunda alternativa também foi rejeitada, pois teve parecer desfavorável na ANP e demandava um acordo com o governo paulista, que não foi concretizado.

Cotado para ser candidato ao Senado em 2014, o governador mineiro disse preferir o gasoduto vindo de Betim, mesmo mais caro, porque o investimento seria feito totalmente dentro de Minas Gerais e representaria uma vantagem estratégica ao Estado, levando o gás para outros municípios mineiros com potencial industrial.


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