Folha de S. Paulo


Ocupação da USP São Carlos pode estar próxima do fim

Estudantes da USP São Carlos (232 km de São Paulo) já admitem que a greve e ocupação do prédio da prefeitura do campus podem estar próximas do fim.

Para que isso ocorra os estudantes aguardam uma nova reunião com os dirigentes do campus e a assinatura de um termo de compromisso das propostas oferecidas.

Na noite de quarta-feira (30), os estudantes se reuniram em assembleia e decidiram que continuam a greve até que o acordo seja assinado pela direção da universidade. A expectativa é que a reunião com os dirigentes aconteça nesta quinta-feira.

Os estudantes, que ocupam desde o dia 17 de outubro a prefeitura do campus, reivindicam eleições diretas para a escolha do reitor da instituição. Desde então, um grupo permanece acampado no prédio.

A Justiça de São Carlos acatou o pedido de reintegração de posse do prédio da prefeitura do campus na cidade paulista. A decisão é do dia 23, mas só foi divulgada na última sexta-feira (29).

A juíza Gabriela Müller Carioba Attanasio cita, na decisão, que não há justificativa legal para a ocupação do prédio e que as motivações dos estudantes não "justificam atitude tão drástica".

O Caaso (Centro Acadêmico Armando de Salles Oliveira) publicou uma carta aberta em seu blog na internet nesta sexta-feira lamentando a decisão que, segundo eles, "coloca em risco a integridade física dos estudantes".

"Esta ação só reforça a tradição autoritária da sociedade brasileira e de suas instituições", diz a entidade, que representa os estudantes.

Segundo o presidente do centro acadêmico, Rafael dos Santos Ferrer, a intenção é manter a ocupação até que as reivindicações sejam negociadas com a universidade.

Os alunos pedem que o espaço destinado ao Caaso seja regularizado com a permanência da lanchonete no local --um meio de financiamento da entidade. Segundo os estudantes, a USP propõe a regularização, desde que as atividades comerciais não sejam mais de responsabilidade do centro.

Os universitários pedem ainda a não terceirização do transporte entre os dois campi da universidade no município, a manutenção de uma unidade de saúde no campus e autorização judicial para a realização de eventos e festas nas dependências da instituição. Hoje, isso é proibido por uma liminar.

A assessoria da USP não soube informar quando a reintegração de posse será cumprida.

RESPOSTA DOS DIRETORES

Antes de divulgação da sentença da Justiça, os cinco diretores dos institutos de Arquitetura, Ciências Matemáticas, Física, Química e da Escola Engenharia divulgaram uma carta de resposta às reivindicações dos estudantes.

Sobre a reforma e regularização do prédio do Caaso para obtenção do AVCB (Alvará de Vistoria do Corpo de Bombeiros), os professores informaram que vão buscar a priorização de recursos para esse fim.

No que diz respeito à liminar que proíbe eventos culturais no campus, os diretores disseram que vão trabalhar para acelerar a adequação acústica do centro acadêmico e do palquinho, onde as festas acontecem.

Com relação à terceirização do transporte entre os campus 1 e 2, a proposta é que o tema seja discutido entre docentes, servidores e estudantes após o fim da greve e da desocupação por parte dos estudantes na prefeitura.


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