Folha de S. Paulo


Incêndio em Santos dificulta armazenagem de açúcar para usinas

As usinas de açúcar da região de Ribeirão Preto (313 km de São Paulo) enfrentam dificuldades de armazenagem depois de um incêndio ter atingido o terminal da Copersucar, maior exportadora do produto no país, no porto de Santos (SP), na sexta-feira (18).

Com a falta de escoamento da produção, os estoques estão superlotados e tem aumentado a demanda pelo aluguel de armazéns infláveis, instalações portáteis voltadas para produtos agrícolas.

Segundo consultores do setor, grande parte da produção de Ribeirão é encaminhada até o porto de Paranaguá (PR), a 469 km de Santos, e as filas de embarque estão cada vez maiores. Outro incêndio, que só foi controlado anteontem num armazém de Santa Adélia, também complica a situação dos produtores.

A Copersucar tem remanejado o açúcar e lotado outros armazéns, mas consultores ouvidos pela reportagem disseram que a falta de espaço pode interromper a produção. "Esse problema gera especulações de toda sorte, seja sobre a redução de açúcar ou o consequente aumento na produção de etanol", afirmou o consultor Jair Cezar Pires, da MBF Agribusiness.

Em Ribeirão Preto, o Terminal Multimodal da Copersucar tem capacidade estática de 70 mil toneladas de açúcar e de movimentação de 1,5 milhão de toneladas anuais. No total, a empresa, que exporta 25% do açúcar nacional, pode estocar até 2,5 milhões de toneladas de açúcar, incluindo a capacidade de suas usinas sócias na região.

Edson Silva - 22.ago.2013/Folhapress
Armazém da Copersucar em Ribeirão; incêndio no terminal do Porto de Santos criou dificuldades de armazenagem para as usinas
Armazém da Copersucar em Ribeirão; incêndio no terminal do Porto de Santos criou dificuldades de armazenagem para as usinas

Esse cenário, porém, ainda não reflete no mercado. O indicador do preço do açúcar cristal feito pela Esalq, da USP, no porto de Santos aumentou em 2,69% do dia 18 para o dia 28. Já o preço no mercado futuro de Nova York teve queda de 2,20%, no mesmo período.

"Não dá para afirmar que isso seja decorrente dessa complicação. No dia do incêndio no porto de Santos o preço já vinha crescendo por causa da mudança no mix de produção de etanol e açúcar. O país está produzindo mais etanol do que o esperado", afirmou o analista Thiago Ramaz, da FG/AGRO.

Na sexta-feira (18), a saca (50 kg), custava R$ 52,06 e, uma semana depois, estava em R$ 53,46.

A Copersucar afirma, segundo sua assessoria, que não informa dados de operação relacionados com o incêndio em Santos para evitar instabilidade no mercado, altamente especulativo.


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