Folha de S. Paulo


Trânsito de Ribeirão Preto precisa de 419 agentes de fiscalização

Maior cidade da região, Ribeirão Preto (313 km de São Paulo) tem um deficit de 419 agentes de trânsito, de acordo com recomendação do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito). A cidade tem 43 homens no setor, mas deveria ter 462.

Nas ruas do município, não é difícil identificar infrações cometidas pelos motoristas. Por dois dias, a Folha visitou 15 pontos de grande circulação e detectou infrações como carros estacionados em locais proibidos, motoristas dirigindo e falando ao celular e motociclistas com a viseira do capacete levantada.

Procurada, a Transerp (empresa que gerencia o trânsito em Ribeirão) diz que não atua sozinha na fiscalização.

Na outras cidades da região, a situação não é diferente. O deficit de agentes de trânsito em Araraquara é de 111, enquanto em São Carlos esse número chega a 118. Em Franca, não há agentes do setor, mas um projeto de lei em análise na Câmara propõe dar essa função aos guardas municipais.

Márcia Ribeiro/Folhapress
Carro e moto parados em frente a uma placa de proibido estacionar na rua Eliseu Guilerme, região nobre de Ribeirão Preto
Carro e moto parados em frente a uma placa de proibido estacionar na rua Eliseu Guilerme, região nobre de Ribeirão Preto

Consultadas, as prefeituras dizem fazer a fiscalização adequada do trânsito. A recomendação do Denatran é de 2010 pede um agente para cada mil veículos. A frota de Ribeirão é de 462.550.

Alguns dos pontos visitados pela Folha que mais concentram infrações de trânsito são os localizados ao redor de colégios ou faculdades.

Um deles está no cruzamento da avenida Brás Olaia Acosta com a rua Mário de Assis Moura. Na saída de estudantes de um dos colégios, o excesso de carros fecha o cruzamento por cerca de 20 minutos -tempo necessário para a liberação dos alunos.

A escola diz que já pediu para a prefeitura fazer faixas de pedestre no local, mas não foi atendida. A Transerp disse que vai visitar o local.

Em outros pontos, motoristas param com seus carros em locais com placas de proibido estacionar, como a Folha flagrou na rua Eliseu Guilherme. A prática complica o fluxo de veículos na via.

Outra irregularidade flagrada ameaça a segurança no trânsito. A reportagem encontrou motoristas falando ao celular enquanto dirigem na via Norte.

AÇÕES DE MELHORA

Além de afetar a fiscalização, o número menor de agentes de trânsito impede ações para melhoria do tráfego em ruas e avenidas movimentadas nos horários de pico, afirma o advogado especialista em trânsito Adhemar Gomes Padrão Neto.

Já o vereador Bertinho Scandiuzzi (PSDB) disse que os poucos agentes da Transerp estão voltados para a operação de radares ou aplicação de multas.

Para ele, a cidade virou uma fábrica de multas. "Já encaminhei ao menos dez ofícios à prefeitura solicitando atenção ao trânsito. Ano após ano a frota só aumenta. É preciso orientar os motoristas, não só se preocupar em multar. Falta fiscalização", disse.

De acordo com dados da Transerp, neste ano foram aplicadas 143.745 multas nas ruas de Ribeirão Preto -uma média de uma multa para cada quatro habitantes. Na comparação com o mesmo período do ano passado, o aumento é de 5,3%.

ZONA AZUL

Há duas semanas, a direção da Transerp admitiu à Folha que a fiscalização nas áreas de Zona Azul está falhando na região central da cidade. Na ocasião, a reportagem constatou que veículos chegam a ficar estacionados o dia inteiro em ruas onde é permitido parar por no máximo duas horas.


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