Folha de S. Paulo


Estudantes da USP invadem prefeitura do campus São Carlos (SP)

Estudantes da USP (Universidade de São Paulo) São Carlos (232 km de São Paulo) invadiram o prédio da prefeitura do campus na tarde desta quinta-feira (17).

A exemplo do movimento liderado pelo DCE (Diretório Central dos Estudantes) em vários campi do Estado, os universitários também reivindicam eleições diretas para reitor da instituição.

Segundo a assessoria de imprensa da USP, os alunos aproveitaram a reunião do conselho universitário que discutia as pautas internas no campus, no final da tarde desta quinta, para ocupar o prédio da prefeitura.

Nesta sexta-feira (18), os estudantes anunciaram a paralisação das aulas. Apesar do anúncio, houve aula em vários departamentos do campus.

Cerca de 300 pessoas, dos 7.680 alunos de graduação e pós-graduação, participaram da ocupação. Hoje, cerca de 50 estudantes continuavam no local. Eles prometem permanecer no prédio até terça-feira (22), quando ocorrerá uma nova assembleia para decidir ou não pela deflagração de uma greve.

Os alunos querem o fim da lista tríplice. Atualmente, o governador escolhe entre os três candidatos mais votados pelos colégios eleitorais, formados principalmente por professores titulares da instituição.

Edson Silva/Folhapress
Faixas estendidas por alunos da USP que invadiram o prédio da prefeitura do campus de São Carlos (SP) nesta quinta-feira (17)
Faixas estendidas por alunos da USP que invadiram o prédio da prefeitura do campus de São Carlos (SP) nesta quinta-feira (17)

"Queremos mais voz dentro do campus. Nossa luta é junto com os alunos de São Paulo, pois sem poder escolher o reitor, todas as decisões ocorrem de forma unilateral", disse Felipe Magnus Carvalho Schmidt, 21, diretor do Caaso (Centro Acadêmico Armando de Salles Oliveira).

Segundo o estudante de engenharia elétrica Gabriel Vedovello, 27, os manifestantes guardaram todos os equipamentos de valor do prédio. "Não vamos permitir que nada seja depredado aqui dentro", disse.

OUTRAS REIVINDICAÇÕES

Os alunos em São Carlos também reivindicam que o espaço destinado ao Caaso seja regularizado com a permanência da lanchonete no local, meio de financiamento da entidade.

Segundo os estudantes, a USP propõe a regularização, desde que as atividades comerciais não sejam mais de responsabilidade do centro.

Os manifestantes pedem ainda a não terceirização do transporte entre os dois campi da universidade no município, a manutenção de uma unidade de saúde e autorização judicial para a realização de eventos e festas nas dependências da instituição. Hoje, isso é proibido por uma liminar.

No campus da USP de Ribeirão Preto (313 km de São Paulo), um ato foi realizado na quarta-feira (16).

CONTRAPONTO

Apesar da invasão, parte das atividades no campus de São Carlos ocorreu normalmente. A Folha constatou que houve aulas nos cursos de engenharia civil, física e engenharia de produção.

Alguns alunos ouvidos pela reportagem discordaram da abordagem feita pelos manifestantes. O estudante de engenharia da computação André Luís Lui, 23, é um deles. "A ocupação nem sempre é a melhor forma de se forçar um diálogo", disse. Ele afirmou, porém, que considera as reivindicações legítimas.

Naomy Duarte Gomes, 20, estudante de física, disse que não sabia do movimento que resultou com ocupação. "As reivindicações não foram comunicadas. Não estávamos sabendo de muitas coisas que estavam acontecendo. Além disso, os professores querem dar aula e não houve um acordo", disse.

Procurada, a USP São Carlos não se pronunciou até as 17h25 desta sexta-feira (18).


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