Folha de S. Paulo


Boias-frias da região de Ribeirão viram garçons e ajudantes de cozinha

Antes um instrumento de trabalho no corte de cana, o podão agora vai se tornar apenas recordação para Gilberto Ferreira Gomes, 18, de Guariba (337 km de São Paulo).

Mineiro de Chapada do Norte, o migrante que cortou cana-de-açúcar na região de Ribeirão Preto (313 km de São Paulo) foi um dos selecionados para ser treinado e trabalhar na capital em uma rede de restaurantes.

Polo de atração de migrantes, a região é alvo de uma seleção de mão de obra para tornar boias-frias e trabalhadores rurais em futuros garçons e ajudantes de cozinha.

A rede de restaurantes paranaense Madero está contratando 400 funcionários na região. Até 2017, serão no país 4.000 selecionados.

Além de Ribeirão, a RH do Interior, empresa que faz o recrutamento, escolheu cidades canavieiras como Guariba, Pontal e Barrinha.

Edson Silva/Folhapress
Gilberto Ferreira Gomes, 18, mostra podão de quando era cortador de cana, em sua casa em Guariba (SP)
Gilberto Ferreira Gomes, 18, mostra podão de quando era cortador de cana, em sua casa em Guariba (SP)

A rede paranaense costuma selecionar pessoas do interior. Cássio Cabral de Souza, diretor de recrutamento do Madero, vê vantagens na contratação de boias-frias.

"Ele está acostumado ao trabalho pesado, às dificuldades do dia a dia e se adapta rápido às mudanças."

Além da cana, Gilberto também seguiu o caminho de muitos migrantes ao trabalhar na construção civil.

Com a nova oportunidade, ele já faz planos de mudar o histórico da família. O filho de agricultores, que só estudou até a sexta série, quer chegar à faculdade. "É uma boa oportunidade para mim, porque lavoura de cana é muito pesado", disse.

Filho e neto de cortadores de cana, Fernando Henrique Martins, 23, também de Guariba, trabalhou em usina. Ele passará três meses em treinamento em Curitiba antes de morar em São
Paulo. "Já pensei em fazer faculdade de fisioterapia. Mas, como trabalhei com cozinha, também gosto da área."


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