Folha de S. Paulo


Pedestres reclamam da falta de faixas para atravessar avenida

Estudantes e trabalhadores a pé se arriscam diariamente em meio aos carros que passam pelo cruzamento da avenida José Cezário Monteiro da Silva com a rua Doutor Mário de Assis Moura, no Jardim Nova Aliança, zona sul de Ribeirão Preto (313 km de São Paulo).

A falta de faixa de pedestre faz com que, nos horários de pico, universitários atravessem a via em grupos para tentar ter mais segurança. Na mesma avenida, em frente ao Novo Mercadão --um dos pontos turísticos da cidade--, a ausência de faixas prejudica a população.

Até agosto deste ano, 128 pessoas foram atropeladas em Ribeirão Preto, segundo levantamento do Corpo de Bombeiros. No mesmo período do ano passado, esse número chegou a 180. Em 2012, de acordo com dados da prefeitura, 17 pessoas morreram atropeladas na cidade.

"Acho que só as faixas não são suficientes nesse ponto. As pessoas não respeitam nem os semáforos. Nesse trecho sempre tem acidente quando passo para ir à faculdade", disse a universitária Marianna Prado, 18.

O gari Ademir Nucitelli, 45, que trabalha na avenida, sofre com a falta de respeito dos motoristas e a falta de estrutura do local. Para ele, faltam semáforos botoeiros --aqueles que são acionados pelos pedestres para interromper o fluxo de veículos.

"Falta mesmo é educação. Quando sou pedestre, quero que os motoristas me respeitem, mas quando dirijo, não respeito quem está na rua", disse o corretor de imóveis Sidnei Garcia, 62.

Ele tentava nesta sexta-feira (27) atravessar a via em frente ao Mercadão e pediu campanhas de conscientização pela prefeitura.

As faixas de pedestres apagadas também são um problema. Em ao menos três cruzamentos da av. Independência, as faixas estão totalmente apagadas e, em outros trechos, estão parcialmente visíveis.

Márcia Ribeiro/Folhapress
Pedestres se arriscam para atravessar avenida que não possui faixa no Jardim Nova Aliança, em Ribeirão Preto
Pedestres se arriscam para atravessar avenida que não possui faixa no Jardim Nova Aliança, em Ribeirão Preto

ATROPELAMENTOS

As avenidas Marechal Costa e Silva, Francisco Junqueira, Dom Pedro 1º, Thomas Alberto Whatelly, Saudade, além da rua Monteiro Lobato e da área central são as vias com maiores índices de atropelamentos, segundo o Corpo de Bombeiros de Ribeirão.

De acordo com o especialista em trânsito e professor da faculdade de engenharia da USP São Carlos Antonio Clóvis Pinto Ferraz, a falta de faixas para pedestre e de semáforos não é exclusividade de Ribeirão Preto, mas de todas as cidades.

"O município adota uma política de fluidez para os veículos e esquece da segurança e do ser humano pedestre nas ruas", disse.

Ele defende a instalação de semáforos botoeiros em locais com grandes fluxos de pessoas e veículos em horários isolados, e de faixas de pedestres em todos os cruzamentos das cidades.


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