Folha de S. Paulo


Quadrinista de Ribeirão Preto lança revista com temática transexual

Com o objetivo de criar um diálogo com a população em geral e garantir os direitos dos grupos LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais), o quadrinista Cordeiro de Sá escreveu a história em quadrinhos "Malu - Memórias de Uma Trans".

A obra será lançada nesta segunda-feira (23) no Memorial da Classe Operária, em Ribeirão Preto (313 km de São Paulo).

O autor quer mostrar que transexuais têm sonhos, querem relacionamentos sérios, lutam pela sobrevivência, se envolvem em situações inesperadas e buscam compreensão e aceitação.

Divulgação
Capa da revista
Capa da revista "Malu - Memórias de uma trans", história em quadrinhos produzida pelo artista Cordeiro de Sá

O álbum reúne recortes de histórias reais do universo gay. A própria Malu retrata pessoas diferentes que se resumem numa só. "O travesti ou transexual tem de ter coragem de enfrentar a sociedade, se assumir", disse Sá.

"Essas pessoas têm uma veia artística e seus potenciais humanos precisam ser valorizados, não jogados fora", disse ele, ao desenhar o perfil da personagem principal de sua obra.

Malu (nascida Antonio Cláudio) sofre bullying, é humilhada e incompreendida desde a infância, mas sabe que não está no corpo certo. Por causa disso, busca a transformação corporal, já que em sua mente tem certeza de que é mulher.

Divulgação
Um das tiras da da revista HQ
Um das tiras da da revista HQ "Malu - Memórias de uma trans", do quadrinista Cordeiro de Sá

O nome da personagem vem do seriado Malu Mulher (Rede Globo, 1979-80), que retratou a emancipação feminina e colocou a mulher como dona de seu próprio nariz.

A vontade de criar um livro em quadrinhos sobre os transexuais surgiu há dois anos, quando Sá reencontrou um amigo de infância em Valinhos, interior paulista.

Na ocasião, o amigo já havia se transformado na atriz Alessandra Leite.

Seguindo o trajeto de Alessandra, Sá resolveu iniciar a discussão sobre o tema em forma de quadrinhos.

Conseguiu a ajuda da transexual e militante Ághata Lima, que atuou como consultora, contou histórias e apresentou amigos com o perfil procurado pelo escritor.

Com a obra pronta, Sá quer fazer as pessoas pensarem sobre quem não se sente bem como nasceu. O lançamento será às 20h (o Memorial fica na rua José Bonifácio, 59, centro).


Endereço da página: