Folha de S. Paulo


Mesmo com mais poços, desabastecimento de água persiste em Ribeirão

Apesar de a quantidade de poços perfurados para captação de água ter dobrado em Ribeirão Preto (313 km de São Paulo) durante o primeiro governo Dárcy Vera (PSD), o desabastecimento persiste na cidade.

Segundo dados do Daee (Departamento de Águas e Energia Elétrica), foram 32 novos poços entre 2009 e 2012 ante 15 nos quatro anos anteriores a esse período.

O aumento, de acordo com especialistas, evidencia a falta de planejamento no caso e reforça a necessidade de novas soluções. Não é só furar poço que vai resolver [a falta d´água]. Há muita perda por vazamentos, porque a água é injetada direto na rede em alta pressão, disse o diretor do Daee, Carlos Alencastre.

Ele lembrou ainda que falta consciência da população para o consumo racional.

Edson Silva/Folhapress
Reservatório de água do Daerp próximo ao Royal Park em Ribeirão Preto
Reservatório de água do Daerp próximo ao Royal Park em Ribeirão Preto

De acordo com o Daee, Ribeirão tem 110 poços operados pelo Daerp (Departamento de Água e Esgoto de Ribeirão Preto). Outros 400 atendem a indústrias, hospitais, condomínios e a USP.

DESPERDÍCIO

Só os poços do Daerp extraem cerca de 14 milhões de litros de água por hora o suficiente para abastecer 1 milhão de pessoas, de acordo com o Daee. Como Ribeirão tem 650 mil habitantes, isso significa que a cidade joga fora água suficiente para 450 mil pessoas.

Um levantamento da ANA (Agência Nacional de Águas) informa que Ribeirão Preto tem demanda de 6,6 milhões de litros de água por hora e que requer um novo manancial de abastecimento público até 2015. No entanto, não há sinais disso.

Como há um vazio de água no subsolo da região central por causa da extração intensiva dos últimos anos, os novos poços estão sendo perfurados cada vez mais nos extremos da cidade, o que aumenta os custos de operação.

Fonte do abastecimento de Ribeirão, o aquífero Guarani tem registrado queda do nível da água em algumas regiões da cidade. Nessas condições, fica inviável a captação por causa do excesso de areia. Bombas são danificadas e o abastecimento, interrompido. Houve rebaixamento do nível [de água] e não houve uma recuperação, disse Adriana Niemeyer Pires Ferreira, especialista em recursos hídricos da ANA.

Para ela, a falta de água na cidade poderia ser menor se o Daerp tivesse um sistema de reserva da água captada.

A direção do Daerp foi procurada desde a semana passada pela Folha, por meio da assessoria de imprensa, para falar sobre o assunto, mas não houve respostas aos pedidos de entrevistas e questionamentos sobre os problemas registrados na cidade.


Endereço da página:

Links no texto: