Folha de S. Paulo


Peço desculpas à família do estudante, afirma atropelador de Ribeirão Preto (SP)

O empresário Alexsandro Ishisato de Azevedo, que atropelou e matou um estudante durante manifestação em Ribeirão Preto (313 km de São Paulo) em junho, afirmou nesta quarta-feira (14) que está arrependido do que fez e pediu desculpas à família do jovem morto.

"Tenho que pedir desculpas para eles [pai e mãe]. Não era isso que eu queria ter feito, só que eu não posso voltar para trás", afirmou Azevedo na primeira entrevista que deu à imprensa desde a prisão, em julho.

Edson Silva/Folhapress
Alexsandro Ishisato Azevedo, que atropelou e matou o jovem Marcos Delefrate, 20, dá entrevista em delegacia de Ribeirão
Alexsandro Ishisato Azevedo, que atropelou e matou o jovem Marcos Delefrate, 20, dá entrevista em delegacia de Ribeirão

Azevedo furou o bloqueio durante o protesto de 20 de junho e atropelou o estudante Marcos Delefrate, 18, e outras três pessoas.

Sem prestar socorro às vítimas, o empresário fugiu do local do atropelamento. Delefrate não resistiu aos ferimentos e morreu na hora.

"Passar esses dias na prisão foi o pior pesadelo da minha vida", disse Azevedo, que prestou depoimento nesta quarta-feira na DIG (Delegacia de Investigações Gerais). De lá, ele foi transferido para o CDP (Centro de Detenção Provisória) de Ribeirão.

Azevedo foi denunciado, em 7 de agosto, pelo Ministério Público sob a acusação de homicídio doloso duplamente qualificado e quatro tentativas de homicídio.

O advogado José Ricardo Guimarães Filho, que defende o empresário, disse que vai entrar com pedido de revogação da prisão preventiva ainda nesta quinta-feira (15). "Ele tem todos os requisitos para responder em liberdade. Tem residência fixa, filha, mora há muitos anos no mesmo local."

Na DIG, Azevedo prestou depoimento sobre outra investigação em andamento na Polícia Civil relacionada a uma irregularidade administrativa na venda de um veículo.

Casado, o empresário tem uma filha de 13 anos. Ele chorou após dizer que a menina não fala mais com ele depois do crime.

A seguir, leia a entrevista que Azevedo deu à Folha ao sair da DIG.

*

Folha - O que você tem a dizer sobre o dia do atropelamento?
Azevedo - Estou arrependido.

Folha - Que mensagem você diria para a família do Marcos Delefrate?
Azevedo - Tenho que pedir desculpas para eles [pai e mãe]. Não era isso que eu queria ter feito, só que eu não posso voltar para trás [Azevedo chora].

Folha - Como foi ficar esses 28 dias na cadeia?
Azevedo - Foi o pior pesadelo da minha vida.

Folha - Como está a relação com a sua filha?
Azevedo - Ela não fala mais comigo.


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