Folha de S. Paulo


ANP descarta gasoduto no estilo mineiro e aproxima São Carlos de fábrica

São Carlos (232 km de São Paulo) está mais próxima de receber a fábrica de amônia da Petrobras após a ANP (Agência Nacional do Petróleo) descartar a construção de um gasoduto de distribuição saindo de Ribeirão Preto para Uberaba (471 km de Belo Horizonte).

O investimento de R$ 1,5 bilhão da estatal petrolífera é disputado pelos governos dos Estados de Minas Gerais e de São Paulo.

Há, no entanto, um impasse sobre a categoria do gasoduto: se de distribuição (ramal secundário) ou de transporte (principal).

A posição da ANP foi confirmada nesta semana a representantes do governo de Minas. Nesta sexta-feira (2), no entanto, o governador Antonio Anastasia (PSDB) tentou minimizar o caso, afirmando que não vai desistir do gasoduto.

"Não trabalho [com a hipótese de o projeto ser barrado definitivamente]. Sou otimista por natureza. Nós faremos o gasoduto e traremos o gás até Uberaba", disse.

Edson Silva/Folhapress
Estação de compressão de gás natural, em São Carlos (SP)
Estação de compressão de gás natural, em São Carlos (SP)

A instalação da fábrica em São Carlos é defendida pelo prefeito Paulo Altomani (PSDB) e pela cúpula do governo de SP, também tucano. O governador Geraldo Alckmin pediu empenho no caso.

Nesta quinta-feira (1º), o secretário de Estado de Energia, José Aníbal, afirmou à Folha que não havia forma de o gasoduto ser de distribuição e que, por São Carlos já contar com o gasoduto Brasil-Bolívia, a fábrica da Petrobras deveria ser instalada na cidade.

Aníbal afirmou ainda que, para a Petrobras, a fábrica em São Carlos oferece outras facilidades, como o escoamento pela ferrovia que passa em Itirapina e vai até o porto de Santos. "Não há motivos para gastos maiores", disse.

Em nota, a ANP informou que o gasoduto de distribuição é incompatível com a Lei do Gás. A agência não fala sobre a fábrica da Petrobras, mas diz que o gasoduto de transporte, que sairá de São Carlos, está de acordo com o marco legal vigente.

Para Anastasia, é "singelo" o impasse entre a escolha do gasoduto. A questão emperra o início das obras da fábrica da Petrobras desde 2011. A definição final aguarda parecer da AGU (Advocacia-Geral da União). A Petrobras não se manifestou no caso.


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