Folha de S. Paulo


Invasão de maritacas afeta plantações e condomínios da região de Rio Preto (SP)

A revoada inesperada de maritacas na região de São José do Rio Preto (450 km de São Paulo) tem causado destruição e prejuízo por onde as aves passam.

Elas atacam as áreas rurais e urbanas dessas regiões. Plantações, fachadas de condomínio e até mesmo a fiação de telefone de residências têm sido os alvos. "Não sabemos mais o que fazer", disse o produtor rural Shiro Takai, de Ouroeste, cidade paulista a 140 quilômetros de Rio Preto (e a 588 km de SP).

De acordo com ele, os ataques são frequentes e ocorrem principalmente pela manhã e ao final do dia. As maritacas, segundo ele, chegam em bando e destroem tudo.

"Tenho uma plantação de sorgo de 80 hectares. Creio que já perdi em torno de 30% com os ataques", calcula.

O produtor diz ainda que, para afastar as aves, ele tem utilizado fogos de artifício. Tem gasto aproximadamente R$ 200, por dia. Para ele, é um custo alto, já que o saco de sorgo sai, em média, por R$ 17.

"Essa é a última vez que planto sorgo. Além de gastar com os fogos, ainda preciso deslocar quatro funcionários para fazer o serviço. Não está compensando", afirma.

Para o presidente do sindicato rural da cidade, Sergio Expressão, a invasão das maritacas é reflexo da reduzida plantação de alimentos na região. "As maritacas se alimentam de frutas e também do sorgo. Como hoje temos por aqui um mar de cana, as poucas propriedades que produzem sorgo sofrem um ataque constante das aves", avalia.

No condomínio Spazio Rio D'Oro, em Rio Preto, o ataque das maritacas também é sentido. Parte do acabamento da fachada dos edifícios é de isopor e logo pela manhã elas começam a bicar. "Parece que está nevando. Caem bolinhas de isopor por toda parte. A gente não vence limpar. São duas a três vezes, por dia, varrendo", afirma a funcionária e moradora Vanda Aparecida da Silva.

O síndico Wagner Aparecido Branco diz que já planeja uma reforma da fachada. "Quando formos pintar a parte externa do condomínio, devemos trocar o acabamento de isopor por gesso. Vamos ver se assim conseguimos mantê-las afastadas daqui", diz.

Em José Bonifácio (481 km de SP), as maritacas também têm feito vítimas. Na casa da aposentada Marilene Alves de Lima, elas comeram toda a fiação do telefone.

"Eram duas. Elas entravam entre as telhas e o madeiramento. A gente achava bonito, tirava foto, mas nem imaginava o que estavam fazendo. De repente, o telefone ficou mudo. Chamei o técnico e ele falou que elas tinham corroído todo o fio", conta.

'INVASÃO HUMANA'

De acordo com o capitão do 4º Batalhão de Polícia Ambiental, Alessandro Daleck Moreira, tem sido registrado um aumento de animais silvestres na região, o que demonstra um desequilíbrio --ele não revelou o percentual.

Ele recomenda às pessoas que sofrem danos por essas aves que comuniquem a Polícia Ambiental.

Segundo Daleck, o meio rural é do animal silvestre e quem faz a invasão são os seres humanos.

"Por isso, é preciso um trabalho conjunto de setores da agricultura e do meio ambiente para encontrar a solução ideal para cada situação", afirma.

No caso dos ataques na área urbana, ele pede para que chamem o Corpo de Bombeiros ou a polícia, para recolher os animais e levá-los ao seu habitat natural.

"Pedimos para que não matem, mesmo porque é crime ambiental, com pena de seis meses a um ano de detenção e multa no valor de R$ 500, por animal", ressalta.


Endereço da página: