Folha de S. Paulo


Empresário cria resort voltado para brasileiros nos EUA

O sonho de construir um condomínio estilo resort nos Estados Unidos levou o médico-veterinário ribeirão-pretano Luís Cláudio Sinelli, 45, a projetar um empreendimento voltado para brasileiros em Orlando, na Flórida.

A vontade de Sinelli de empreender fora de casa surgiu aos dez anos, quando o pai se mudou com a família para o Estado da Georgia e ele se encantou com os EUA. Depois de voltar, continuou a visitar o país com frequência.

Sinelli pensou no projeto ao idealizar um local mais íntimo para brasileiros que um hotel, que estivesse próximo das principais praias, possuísse bilheteria para adquirir as atrações locais dentro desse mesmo empreendimento e alugasse carros.

Em 2008, o executivo viu uma oportunidade econômica com o fim da bolha financeira nos EUA e comprou seu primeiro imóvel fora do país.

Adriano Vizoni/Folhapress
O empresário paulistano Sérgio Barbosa, que investiu num dos imóveis do condomínio de ribeirão-pretano em Orlando (EUA)
O empresário paulistano Sérgio Barbosa, que investiu num dos imóveis do condomínio de ribeirão-pretano em Orlando (EUA)

Em sociedade com o carioca Rodrigo Cunha, 40, um amigo que é corretor na Flórida e conhece as necessidades dos brasileiros, Sinelli abriu uma empresa, a CND Group. Juntos, eles desenvolveram o projeto do Magic Village (Vila Mágica).

Agora, o desafio é comercializar as 188 casas, que ainda não começaram a ser construídas. "O mercado americano voltou a crescer. Somente neste ano, houve uma valorização de 20% no valor dos imóveis", diz Sinelli.

O EMPREENDIMENTO

O resort fica a uma hora da praia Clear Water, no Golfo do México, e está a 40 minutos de São Petersburgo, onde é verão quase o ano todo.

As 188 casas têm 172 m² e 216 m² e valores entre US$ 330 mil e US$ 380 mil. Há unidades com até quatro suítes, lavanderia montada, eletrodomésticos na cozinha e climatização completa, mas especialistas pedem que os consumidores fiquem atentos aos valores de manutenção do imóvel, impostos e juros.

O empresário paulistano Sérgio Barbosa, 50, é um dos investidores do novo projeto. Ele resolveu comprar uma casa e quer combinar o uso pessoal com a locação na alta temporada.

O custo estimado de manutenção da casa será de US$ 820, aí incluídos administração, internet, TV, telefone, água, luz, gás e condomínio. Está fora desta conta o imposto predial (cerca de US$ 2.000).

MAIS BARATO QUE SP

Segundo Barbosa, ele optou pelo imóvel porque o preço médio de um apartamento novo em São Paulo, em um bairro mais nobre, custa R$ 12 mil o m², e o aluguel nunca chega a meio por cento sobre o valor do imóvel.

"Nos Estados Unidos, com todas as benfeitorias e algumas mobílias zeradas, vou pagar R$ 4 mil o m². Essa foi uma diferença muito importante."

Segundo ele, uma locação de 15 dias em alta temporada paga as despesas da casa e garante lucro.

O empreendimento, cujo custo é de R$ 70 milhões, foi aprovado pelo comitê de engenharia americano, segundo Sinelli. A primeira fase está prevista para ser entregue em 16 meses.

CUIDADOS

Para especialistas em finanças e economia, o comprador de um imóvel fora do país deve ficar atento para despesas mensais e impostos, assim como para os juros e a frequência de utilização da casa.

Para o professor da FEA-USP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo) Dante Mendes Aldrighi, deve-se avaliar o tamanho do imóvel, a localização e a qualidade dos materiais.
"Se em todos esses quesitos for excelente, a compra parece ser um bom negócio", diz. "O preço pode ser bom, já que um apartamento antigo de dois quartos em Pinheiros ou no Itaim gira em torno de R$ 760 mil a R$ 900 mil."

(DANIELA SANTOS)


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