Folha de S. Paulo


Tucano, governador de Minas defende gasoduto de Ribeirão e agrava impasse

O governador de Minas Gerais, Antonio Augusto Anastasia (PSDB), aumentou o impasse para a construção do gasoduto até Uberaba, no Triângulo Mineiro, ao defender que a obra saia de Ribeirão Preto (313 km de São Paulo) e não de São Carlos (232 km de São Paulo).

Segundo ele, a Cemig já anunciou a aquisição da empresa Gás Brasiliano para executar o gasoduto, que deve ser do tipo distribuição (que sai de uma linha principal, a de transporte) saindo de Ribeirão para Uberaba.

Já a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustível) defende que o gasoduto seja de transporte. Neste caso, a obra sairia de São Carlos, passando pelo Triângulo Mineiro até chegar a Brasília (DF).

Eduardo Knapp - 25.mai.2011/Folhapress
O governador de Minas, Antonio Anastasia (PSDB), participa de entrevista na TV Folha, em São Paulo
O governador de Minas, Antonio Anastasia (PSDB), participa de entrevista na TV Folha, em São Paulo

A defesa foi feita na última sexta-feira (19) durante uma visita do governador a Uberlândia, também no Triângulo. O gasoduto vai alimentar a fábrica de amônia da Petrobras em Uberaba, mas o impasse pode atrasar o cronograma da empresa.

O governador afirmou que encaminhou um ofício durante a semana à Presidência da República e à AGU (Advocacia-Geral da União) pedindo uma definição sobre a classificação do duto que vai abastecer a fábrica.

"Nós entramos com um recurso para permitir que o gasoduto seja construído, porque nós temos o dinheiro, temos a vontade e o compromisso da presidente [Dilma Rousseff], que também está cobrando esse gasoduto", disse Anastasia.

Administrada por uma rival dos tucanos e hoje aliada do PT, Dárcy Vera (PSD), a Prefeitura de Ribeirão Preto informou, por meio de sua assessoria, que o projeto do gasoduto é do governo federal e que não tem nenhuma atuação sobre o assunto. Procurada, a assessoria da Prefeitura de São Carlos não se posicionou no caso.

Curiosamente, São Carlos é governada hoje por um tucano, Paulo Altomani, mas foi administrada, até 2012, por um petista, Oswaldo Barba.

"Solicitei uma decisão sobre a construção do gasoduto porque é muito importante para Uberaba, para Uberlândia, para o Triângulo e para Minas Gerais", disse o governador mineiro.

De acordo com ele, o governo do Estado já tomou as providências necessárias para cumprir o compromisso firmado em 2011 com o governo federal e viabilizar a construção da planta de amônia da Petrobras em Uberaba.

LICITAÇÃO

O prefeito de Uberaba, Paulo Piau (PMDB), afirmou que o processo licitatório para construção da fábrica de amônia para fertilizantes está em andamento e a previsão da Petrobras é concluir a concorrência até setembro.

Piau disse que não há condições de esperar mais por uma definição quanto ao gasoduto. "É preciso definir por um dos projetos para que realmente a Petrobras possa iniciar no fim deste ano os trabalhos", disse o prefeito.

Na última quinta-feira (18), ele esteve em Brasília e se reuniu com o advogado-geral da União, Luiz Inácio Adams, para discutir a obra e a classificação do gasoduto.

Segundo Piau, um relatório do município com informações referentes ao duto e à fábrica de amônia será entregue à AGU para ajudar no parecer final sobre o caso.

"O ministro me pediu um relatório e estamos preparando. Já tenho uma nota técnica da Cemig e estou aguardando uma nota técnica da Petrobras, que deve chegar na segunda-feira (22)", disse.


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