Folha de S. Paulo


Chilenos compram Bebidas Ipiranga de Ribeirão Preto por R$ 1,21 bi

A Companhia de Bebidas Ipiranga, fabricante e engarrafadora da Coca-Cola em Ribeirão Preto (313 km de São Paulo), foi adquirida nesta quinta-feira (11) por R$ 1,21 bilhão pelo grupo chileno Andina.

A transação, no entanto, precisa ser aprovada pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) para ser efetivada, o que deve acontecer em até 45 dias.

A companhia Ipiranga abrange 23 mil pontos de venda em 131 cidades --78 em São Paulo e 53 em Minas Gerais-- e no ano passado alcançou receita de R$ 695 milhões, segundo o grupo chileno.

Já a Andina atua no Espírito Santo e Rio de Janeiro, além de Paraguai, Argentina e Chile, e está entre as sete maiores envazadoras mundiais da marca de bebidas.

Em comunicado, a Andina informou que a transação permitirá o processo de consolidação em busca da liderança no país, além de oportunidades para os acionistas.

Também em comunicado, a Ipiranga --fundada em 1948 em Ribeirão-- informou que não haverá alteração nos empregos. Ao todo, são cerca de 2.800 funcionários.

Edson Silva/Folhapress
Entrada da Indústrias Ipiranga, em Ribeirão Preto, que fabrica a Coca-Cola
Entrada da Indústrias Ipiranga, em Ribeirão Preto, que fabrica a Coca-Cola

Segundo a Andina, a dívida líquida da Ipiranga será abatida do valor de venda. O montante da dívida não foi informado pelo grupo.

De propriedade de integrantes da família Biagi, a companhia ribeirão-pretana não resistiu às investidas financeiras dos grandes grupos interessados na consolidação comercial.

A Folha apurou que desde o final do ano passado a empresa sofria assédio dos grandes grupos. A Andina apresentou as melhores condições para todos os envolvidos e nesta quinta finalizou a aquisição.

Segundo a assessoria da companhia Ipiranga, o diretor-presidente da empresa, André Biagi, ficará no cargo, assim como toda a diretoria, até a conclusão do processo de compra. O prazo não foi informado pela assessoria.

Na unidade de Ribeirão Preto, a Ipiranga produz toda a linha de refrigerantes da marca, um hidrotônico e uma linha de sucos. O envaze é feito no local e distribuído para as outras unidades.

Em Franca, Araraquara, São João da Boa Vista e São Sebastião do Paraíso (MG) funcionam os pontos de distribuição, logística, equipamentos e comercial.

A Andina informou no comunicado que procurará manter "intercâmbio das melhores práticas entre as operações" no Brasil e que "continuará a buscar oportunidades na região".

Os integrantes da família Biagi informaram que a transação não tem relação com a venda, em 2009, da Santelisa-Vale para a francesa LDC, que também tinha representantes da família no negócio.

A assessoria da Ipiranga informou que os produtos --basicamente açúcar-- que compra da LDC são adquiridos por um conjunto do sistema Coca-Cola.

OUTRA AQUISIÇÃO

O anúncio da aquisição da Ipiranga pela Andina foi o segundo do setor na última semana. A Coca-Cola Femsa, considerada a maior envazadora da marca no mundo, investiu R$ 900 milhões na aquisição da Companhia Fluminense de Refrigerantes.

Foi a sexta aquisição realizada pela empresa desde quando entrou no Brasil, em 2003. A empresa ainda é dona das marcas Sucos Mais, Del Valle e Matte Leão.

A Companhia Fluminense de Refrigerantes tem sede e fábrica em Porto Real (RJ) e atende 141 cidades do sul do Rio de Janeiro, do sul de Minas Gerais e do Vale do Paraíba, em São Paulo.


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