Folha de S. Paulo


Em crise, hospital-escola de São Carlos (SP) ganha 'fôlego'

Após ameaçar paralisar as atividades a partir de segunda-feira (1º), a diretoria do Hospital-Escola de São Carlos (232 km de São Paulo) informou nesta sexta-feira (28) que a unidade continuará em funcionamento, graças a uma verba da prefeitura que bancará custos de medicamentos no próximo mês.

Apesar de o município ter liberado esses recursos para remédios, a prefeitura tem atrasado outros repasses que garantem o custeio da instituição. Por isso, a situação financeira é considerada crítica pela direção do hospital e a possibilidade de fechamento ainda existe.

O diretor-executivo do hospital, Sérgio Luiz Brasileiro Lopes, disse que a prefeitura anunciou que vai arcar com os custos dos medicamentos só em julho, o que dará um fôlego à instituição.

Segundo ele, a prefeitura, além de atrasar repasses de verbas, também não pede ao Ministério da Saúde uma suplementação para o hospital, que já teria sido autorizada pelo próprio ministro, Alexandre Padilha.

"Temos vários fornecedores cobrando o que é de direito. São quase R$ 250 mil [em pagamentos atrasados] e não sabemos o que fazer", afirmou Lopes.

Gerenciado pela Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) Sahudes, o hospital-escola é usado para aulas práticas da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos).

O problema no hospital colocou o curso de medicina da federal em xeque.

O reitor da instituição, Targino de Araújo Filho, também fez críticas ao prefeito Paulo Altomani (PSDB) que, segundo ele, pretende instalar um AME (Ambulatório Médico de Especialistas) num setor do hospital.

Ele afirmou ainda que a medida prejudicará os estudantes do curso de medicina porque ocuparia o local onde será instalada a UTI, o centro cirúrgico, a central de materiais e a unidade de diagnósticos (laboratoriais e de anatomia patológica).

"Vamos divulgar um manifesto em defesa do curso de medicina pedindo que o município solicite a federalização do hospital, peça o aumento de recursos já autorizado, regularize os repasses municipais e abra o diálogo com a UFSCar."

Segundo Lopes, o hospital faz 310 atendimentos por dia. Não há, conforme ele, atraso no pagamento dos 140 profissionais.

OUTRO LADO

A Folha não conseguiu localizar representantes da Prefeitura de São Carlos na noite desta sexta-feira.

Neste sábado (29), porém, a assessoria de imprensa da prefeitura divulgou uma entrevista com Altomani na qual ele afirma querer a gestão do hospital-escola "nas mãos da administração".

"Não concordamos com o aditamento do contrato com o Sahudes assinado em gela gestão anterior [do prefeito Oswaldo Barba (PT)]", disse, por meio da assessoria, o prefeito.

Segundo ele, a instituição hoje possui uma série de falhas estruturais já apontadas pela Vigilância Sanitária e "corre risco de interdição".

"Nossa proposta é bem ampla, no sentido de transformar o hospital-escola num grande hospital universitário regional, a exemplo do que acontece em Américo Brasiliense", afirmou ele, ainda segundo a assessoria.


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