Folha de S. Paulo


Ribeirão Preto (SP) tem seis mobilizações no mesmo dia

A onda de manifestações iniciada na semana passada se espalhou por diferentes pontos de Ribeirão Preto (313 km de São Paulo) nesta quinta-feira (27). Ao menos seis mobilizações foram realizadas em quatro lugares distintos.

Aos integrantes do Movimento Passe Livre local, grupo que liderou o histórico protesto de Ribeirão no último dia 20 --quando 25 mil pessoas foram às ruas, segundo a Polícia Militar--, juntaram-se outras tribos.

No palácio Rio Branco, sede da prefeitura, estiveram estudantes de direito e membros da cooperativa Mãos Dadas ao lado dos ativistas que pedem tarifa zero para o transporte coletivo urbano.

Edson Silva/Folhapress
Guardas municipais cercam o palácio Rio Branco, sede da Prefeitura de Ribeirão Preto, durante as manifestações desta quinta-feira
Guardas municipais cercam o palácio Rio Branco, sede da Prefeitura de Ribeirão Preto, durante as manifestações desta quinta-feira

O grupo de alunos pede a contratação de trabalhadores que atuam na coleta seletiva de lixo pela cooperativa (leia texto nesta página).

Já os ativistas do Passe Livre completaram nesta quinta, no final da cidade, 44 horas acampados, em 20 barracas, em frente ao Rio Branco. Os manifestantes vão continuar lá por tempo indeterminado.

Na Ribeirânea, a mobilização de familiares de alunos da Apae evitou a demissão de 22 professores.

De acordo com os diretores da associação, que assiste pessoas com algum tipo de deficiência física ou intelectual, a situação financeira é preocupante.

Alguns profissionais estão com salários atrasados desde fevereiro.

Segundo o presidente da Apae, Adalberto Griffo, a associação gasta o dobro da sua receita, gerando um desequilíbrio orçamentário que contribui para um deficit em suas contas.

"Resolvemos, junto com o conselho de pais e possíveis integrantes da nova diretoria, não demitir ninguém e tentar achar uma solução para conseguir a verba para continuar os atendimentos", disse.

Edson Silva/Folhapress
Apesar de dois protestos realizados em frente à Prefeitura de Ribeirão, trânsito na Cerqueira César não teve interdição nesta quinta
Apesar de dois protestos realizados em frente à Prefeitura de Ribeirão, trânsito na Cerqueira César não teve interdição nesta quinta

HOMENAGEM AO MÁRTIR

Na tradicional escola Otoniel Mota, cerca de 400 estudantes e professores prestaram homenagens ao jovem Marcos Delefrate, 18, que morreu na semana passada ao ser atropelado na manifestação do dia 20.

"O Marcos se tornou um mártir. Isso aqui [a homenagem na rua] é uma aula de civismo real. Estamos lembrando a sua luta. Ele estava fazendo o que todos nós deveríamos fazer, que é protestar", afirmou o professor de filosofia, Nestor Müller.

Durante a homenagem, amigos, ex-colegas e professores da escola discursaram num carro de som, intercalados por aplausos. Faixas e cartazes prestavam homenagens a Delefrate. Os alunos também rezaram.

Na escola, os manifestantes hostilizaram membros de partidos políticos que tentaram se juntar ao grupo (leia texto abaixo).

Já na esplanada do Theatro Pedro 2º, integrantes do PSOL, PSTU e PCB reivindicavam mais investimento em educação. Os partidos querem que 10% do PIB do país seja gasto no setor.

"Hoje, o governo destina só 4,3% [do PIB] para a educação. É muito pouco", disse Vitor Barros, 22, estudante de direito da USP e membro da Anel (Assembleia Nacional dos Estudantes Livres).

No mesmo local, o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) reivindicou mais agilidade na reforma agrária.

Houve ainda uma tentativa de protesto mobilizado pela internet. Dez pessoas chegaram a ir para a frente de uma unidade da igreja Assembleia de Deus protestar contra deputado federal Marco Feliciano (PSC), mas desistiu após saber que o também pastor não iria ao local. (DANIELA SANTOS, JOÃO ALBERTO PEDRINI E VENCESLAU BORLINA FILHO)


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