Folha de S. Paulo


Prefeitura tenta solucionar impasse na Saúde em Ribeirão Preto

Prefeito em exercício de Ribeirão Preto (313 km de São Paulo), Marinho Sampaio (PMDB) voltou a sondar nesta semana o professor Paulo Saquy para chefiar a Secretaria da Saúde.

Saquy, também presidente municipal do PMDB, recusou a ideia, alegando que seus compromissos profissionais o impediriam de assumir um cargo no governo, segundo apurou a Folha junto a fontes ligadas à administração da prefeita Dárcy Vera (PSD), afastada por licença médica, e aos peemedebistas.

A sondagem foi feita cinco dias após a demissão da chefe do CCZ (Centro de Controlo de Zoonoses), Ana Lúcia Baldan, que causou uma crise entre o também vice-prefeito Marinho, que assinou a exoneração, e o secretário da Saúde, Stenio Miranda.

Defensor do trabalho de Baldan e responsável hierárquico pelo CCZ, Miranda disse que a demissão ocorreu à sua revelia e afirmou que tentaria conversar com Marinho sobre o assunto.

O vice-prefeito, por sua vez, não só manteve a exoneração como também nomeou a substituta de Baldan, Stefania Dallas Garcia de Brito Almeida, sem consultar o titular da Saúde.

Edson Silva - 28.ago.2000/Folhapress
O professor Paulo Saquy (à esq.), quando saiu do governo em 2009 e foi substituído por William Latuf (à dir.)
O professor Paulo Saquy (à esq.), quando saiu do governo em 2009 e foi substituído por William Latuf (à dir.)

Ouvido pela Folha no último dia 27, o prefeito interino desautorizou eventual reivindicação de Miranda. "Não devo satisfação ao secretário".

Professor do curso de odontologia da USP e ex-vereador (2001-2004), Saquy foi secretário de Governo de Dárcy, mas se demitiu depois de quatro meses por discordar da forma centralizadora de governar da prefeita.

Apesar dessa saída, Saquy já foi convidado a voltar à administração em outros momentos. Foi procurado ao menos duas vezes desde a reeleição de Dárcy, em outubro. Na primeira quinzena deste mês, o convite foi justamente para ocupar a Saúde. Sua resposta sempre foi negativa.

SAIA JUSTA COM PMDB

A eventual saída de Miranda do governo não tem relação direta com o caso CCZ. Ele mesmo tem expressado a vontade de deixar o cargo desde o ano passado.

Sociólogo e neurologista, o secretário é homem de confiança de Dárcy. A prefeita aprecia seu trabalho e quer mantê-lo no governo.

Um aliado da prefeita diz que essa será sua primeira ação após Dárcy reassumir o cargo, no próximo dia 3.

Dárcy só aceitaria a saída de Miranda caso tivesse um bom nome para substituí-lo, o que foi tentado nos últimos meses sem sucesso.

Um integrante do primeiro escalão do governo afirma, no entanto, que Miranda não se demite e diz que haverá um "empenho muito grande de Dárcy" em segurá-lo.

Segundo ele, que diz desconhecer o convite a Saquy, o embate de Miranda com Marinho foi só um "mal-entendido", já superado.

Há, no entanto, um ponto negativo para Miranda junto a integrantes do governo. O PMDB --principal aliado de Dárcy desde o primeiro governo-- está descontente com o trabalho do secretário. Até o presidente da Câmara, Cícero Gomes da Silva, tem criticado a saúde, classificada por ele como um "caos".

Peemedebistas também reclamam reservadamente que Miranda não responde a ofícios de vereadores da sigla.

A Folha tentou falar com Marinho, Miranda e Saquy, mas não conseguiu.


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