Folha de S. Paulo


Atrito entre Dárcy Vera e vice expõe crise do governo com PMDB

O governo de Dárcy Vera (PSD) e os peemedebistas de Ribeirão Preto (313 km de São Paulo) -- principais aliados da prefeita na cidade -- negam que possa haver um racha, mas a relação entre ambos passa por um desgaste.

Embora o PMDB tenha cogitado até não fazer parte da aliança que ajudou a reeleger a prefeita, críticas recentes de dois peemedebistas expõem uma crise jamais registrada desde que o partido fechou acordo com Dárcy, nas eleições municipais de 2008, quando a prefeita ainda era do DEM.

A mais recente foi feita pelo vice-prefeito Marinho Sampaio. "Ela [Dárcy] não deixa ninguém participar de nada [no governo] (...) Não vou ser o Marinho bonzinho do primeiro mandato [2009-2012]", afirmou o vice-prefeito, em declaração publicada na edição de quarta-feira (20) do jornal "A Cidade".

Outro peemedebista que tem dado declarações negativas à atual gestão é o vereador Samuel Zanferdini.

Já no final do ano passado, ele votou contra o projeto na Câmara que resultou no aumento do IPTU --iniciativa proposta pelo governo.

Neste ano, tem reclamado publicamente do governo em várias áreas.

Disse na semana passada, por exemplo, que o Daerp --autarquia de água e esgoto da cidade comandada pelo PR-- está sucateado e insinuou que há possibilidade de privatização, o que é negado pela administração.

'INFERNO ASTRAL'

Além do desgaste público provocado pela alta do IPTU e pelas críticas de aliados, Dárcy enfrenta outros problemas neste início de ano.

Na Câmara mesmo, embora a prefeitura tenha em tese a maioria, a facilidade em aprovar projetos pode não repetir o período 2009-12, quando a grande maioria dos projetos de interesse da prefeita tiveram aval do Legislativo.

O problema de Dárcy é que não somente Marinho -- ex-vereador com influência na Câmara -- e Zanferdini têm feito críticas a seu governo. Parlamentar mais votado nas eleições do ano passado, o pedetista Ricardo Silva e até mesmo o presidente Cícero Gomes da Silva, grande aliado da prefeita e nome forte do PMDB, têm anunciado uma posição mais independente em relação à administração municipal.

Edson Silva-5.fev.2013/Folhapress
Dárcy Vera (PSD) e o vice Marinho Sampaio (PMDB) durante entrega de ambulâncias do Samu
Dárcy Vera (PSD) e o vice Marinho Sampaio (PMDB) durante entrega de ambulâncias do Samu

O golpe mais forte contra a prefeita está sendo analisado pela Justiça. Duas ações pedem a cassação dos mandatos da prefeita e de Marinho.

'CIÚMES'

A crise entre Dárcy e o vice começou há duas semanas, quando a prefeita vetou uma homenagem que Marinho receberia de servidores. O caso ocorreu durante entrega de ambulâncias do Samu.

Já no ano passado, Marinho tinha ameaçado deixar a base aliada do governo.

Em janeiro, ele disse à Folha que o PMDB poderia lançar seu próprio nome para disputar o cargo de prefeito. "Vou ser candidato a prefeito de Ribeirão Preto", disse de forma de enfática na ocasião -- apesar de, no dia seguinte à declaração, ter mudado de ideia.

Oficialmente, o governo Dárcy e o PMDB negam que haja crise. Servidores do primeiro escalão da prefeitura e próximos a Dárcy dizem que o atrito é "pessoal" -- entre ela e Marinho --, e garantem que o problema será superado.

Zanferdini, Cícero e Ricardo Silva, por sua vez, têm resumidamente a mesma posição: dizem não ter nada contra a prefeita.


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