Folha de S. Paulo


raul fiker (1947-2017)

Mortes: Professor de filosofia e autor de livro cultuado

Gabriel Rath Kolyniak
Raul Fiker (1947-2017)
Raul Fiker (1947-2017)

"O Equivocrata", lançado em 1976, é considerado obra seminal do surrealismo paulistano. Seu autor, Raul Fiker, fazia parte do grupo de escritores e poetas que originaram o movimento na década de 1960 (dentre eles, Roberto Piva e Claudio Willer).

Foi a única obra literária de Fiker, professor de filosofia na Unesp e tradutor prolífero. Porém questiona-se a classificação do livro como surrealista.

"É um misto de ensaio com ficção, uma imaginação filosofante que transforma as coisas em aforismos", diz a amiga Leyla Perrone-Moisés, professora emérita da USP.

Espirituoso, era exímio criador de expressões –que, tão logo proferidas, eram prontamente incorporadas pelos amigos. Ou pelos leitores, a julgar pela seguinte passagem: "Deus ajuda sem alarde quem levanta tarde".

Dedicou a maior parte de sua atividade intelectual à academia. Pesquisador em diversas áreas da filosofia (dentre elas, a epistemologia e a história da filosofia), também escreveu livros teóricos –um deles, sobre ficção científica, é tido como referência.

"O Equivocrata" foi reeditado neste ano, pela editora Córrego. "Ele ficou muito contente, disse que devia ter se dedicado mais ao 'mythos' e menos ao 'logos'", diz Perrone-Moisés, referindo-se aos termos gregos que designam a atividade do escritor e a do filósofo, respectivamente.

Querido entre os alunos por sua acessibilidade e pelo senso de humor, Fiker foi objeto de uma enxurrada de depoimentos nas redes sociais ao longo da última semana.

Morreu no dia 23, aos 70 anos, após cair no fosso do elevador. Deixa o filho, André.

Reprodução/Facebook
Raul Fiker (1947-2017)
Raul Fiker (1947-2017)

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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