Folha de S. Paulo


Oswaldo gouvea de oliveira neto (1964-2017)

Mortes: Do clube de rouba-monte à economia do futuro

Reprodução/Facebook
Oswaldo Gouvea de Oliveira Neto (1964-2017)
Oswaldo Gouvea de Oliveira Neto (1964-2017)

Oswaldo Oliveira parecia condenado ao confinamento. Do colégio de padres em que estudou, compraram-lhe uma passagem quase sem escalas para o mercado financeiro.

Quase sem porque, entre um destino e outro, houve uma viagem de barco, dez dias navegando pelo rio São Francisco. Foi um aperitivo do universo que se fechava quando, ao voltar para SP, descobriu que havia um emprego de auxiliar de pregão na Bolsa de Valores esperando por ele.

Oswaldo prosperou. Se por um lado o mercado o fascinava por sua complexidade, por outro frustrava-o pelo ambiente humano –um "clubinho jogando rouba-monte", segundo ele. Antes dos 40, vendeu sua gestora e garantiu a independência financeira.

Sem rumo definido, acabou tendo contato com acadêmicos da Ufscar que esboçavam um software livre. Era começo dos anos 2000, quando a internet engatinhava no país.

Levou a família para São Carlos (SP) e ali germinou o tema que o guiou pelos anos seguintes: trabalho em rede. "Ele queria gerar riqueza a partir da integração entre pessoas", diz o filho André.

Inspirador de gerações mais novas, iniciou a Laboriosa89, uma casa na Vila Madalena que servia de espaço criativo para empreendedores, músicos e quem mais quisesse entrar (era só pedir uma cópia da chave).

Um dos primeiros entusiastas do bitcoin no país, teve dentre seus projetos a tradução colaborativa de "A Revolução Blockchain" (ed. Senai), bíblia da criptomoeda.

Morreu no último dia 9, aos 53 anos, após uma queda da escada. Deixa dois filhos, os pais e três irmãos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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