Folha de S. Paulo


Briga entre casal de policiais militares termina com a mulher morta em SP

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A soldado Ana Amélia Panichi
A soldado Ana Amélia Panichi

Uma policial militar foi morta na noite deste domingo (10) durante uma discussão na casa em que morava com o marido, no Ipiranga, zona sul de São Paulo. Ela foi atingida por dois tiros no tórax. O marido, também soldado da Polícia Militar, é o principal suspeito do crime.

Segundo as investigações da Corregedoria da PM e da Polícia Civil, Ailton de Souza Lima, 30, e Ana Amélia Panichi, 33, teriam iniciado uma discussão por ciúme. Uma das hipóteses consideradas pela polícia é de que a mulher, armada, teria tentado agredir o marido, que revidou. A investigação cogita feminicídio ou legítima defesa do PM.

De acordo com a Polícia Civil, o casal estava de folga e o crime ocorreu por volta das 22h50. Lima trabalhava no mesmo batalhão que Panichi, a 2ª Companhia do 46º BPM, também no Ipiranga. Segundo policiais que trabalhavam com o casal, eles estavam juntos havia cerca de dois anos.

A filha de Ana Amélia, de 10 anos, de um relacionamento anterior, presenciou a discussão e o assassinato. Segundo um policial envolvido na investigação, a filha da vítima afirmou que Lima quebrou objetos de casa durante a discussão.

A mulher chegou a ser resgatada pelo Corpo de Bombeiros e levada ao hospital Heliópolis, também na zona sul, mas não resistiu aos ferimentos. Após os disparos, o marido fugiu de casa. No fim da noite, no entanto, ele se apresentou ao Plantão de Polícia Judiciária Militar e prestou depoimento.

Segundo o TJM (Tribunal de Justiça Militar), o soldado foi recolhido ainda na noite deste domingo e será transferido ao presídio militar Romão Gomes, a cadeia dos PMs do Estado de São Paulo, no Jardim Tremembé, zona norte da capital paulista.

Dois PMs, que foram ao IML Sul na manhã desta segunda-feira (11) e disseram ser amigos do casal, relataram à reportagem, sob anonimato, que nunca tinham visto discussões entre Lima e Panichi.

"É cedo para falar. A gente não sabe a motivação. Eram duas pessoas armadas e sob um alto índice de estresse. Não podemos julgar sem saber, mas é uma perda grande. Está todo mundo abalado. Sempre que morre um policial, seja como for, é uma perda como se fosse a de um familiar", disse um dos colegas.

A polícia também investiga um áudio em que, supostamente, Lima confessa o crime a um outro policial do batalhão, via WhatsApp, e diz que "as brigas estavam constantes", que "perdeu a cabeça". Na sequência, ele "tomou a arma dela" e atirou.

Reprodução/TvGlobo
Carros da PM cercam rua onde soldado matou mulher na noite deste domingo (10), em São Paulo
Carros da PM cercam rua onde soldado matou mulher na noite deste domingo (10), em São Paulo

A veracidade do áudio ainda está sob análise. A defesa do policial militar não foi localizada até a publicação desta reportagem.

Quem vai assumir a investigação criminal é o DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa). A Corregedoria da PM instaurou inquérito policial militar, que pode ocasionar em penalizações administrativas, como perda da função.

Procuradas, a SSP (Secretaria da Segurança Pública) informou que "o soldado Ailton de Souza Lima foi preso em flagrante após matar a companheira, a soldado Ana Amélia Panichi, por volta de 23 horas deste domingo, na rua Gomes Nogueira, Ipiranga, zona sul da capital. Ambos eram do 46º BPM/M. Ailton fugiu do local, mas posteriormente se entregou no plantão de Polícia Judiciária Militar do 12º BPMM, onde está sendo ouvido."

Em 2016, 4.657 mulheres foram assassinadas, segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Deste total, 533 casos foram classificados como feminicídio.


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