Folha de S. Paulo


José Geraldo Louzã Prado (1958-2017)

Mortes: Intenso e carinhoso, advogado foi lancha e veleiro

Arquivo Pessoal
José Geraldo Louzã Prado (1958-2017)
José Geraldo Louzã Prado (1958-2017)

Em sua autobiografia, o neurologista inglês Oliver Sacks revelou uma anotação feita por um professor de escola: "Sacks vai longe –se não for longe demais".

O raciocínio de Zé foi parecido quando resolveu trocar a lancha por um veleiro, depois de ouvir a pergunta de um amigo: "Para onde você vai com tanta pressa?"

Não dava para exigir que ficasse parado. Corpulento e vigoroso, assumia várias tarefas ao mesmo tempo e vivia atrás de aprender uma habilidade nova. Se movimento era inevitável, que fosse moderado.

Na Faculdade de Direito da USP, dedicou-se aos sonetos; na juventude, teve sua fase de fotógrafo; em casa, com os filhos, tirava no violão as músicas que ouvia no rádio.

"Ele falava sempre no superlativo da vida, em aproveitar os momentos com intensidade", diz o filho José Paulo, companheiro de vela e de escritório de advocacia.

Ele lembra que o pai teimava em usar brocardos jurídicos em latim, mesmo sob o risco de a nova geração de juízes não compreendê-lo.

Zé só punha o mar em segundo plano quando tinha a oportunidade de visitar a filha Cristina nos EUA –atencioso e acolhedor, adotou o genro americano como quarto filho.

A decisão de trocar a veloz "Carpe Diem" pelo estável "Neptunus" lhe fez bem. A mobilidade estava garantida, mas com espaço para ouvir o barulho do vento, sentir a maresia e aproveitar a paisagem –seu "jardim infinito", como costumava dizer.

Morreu no último dia 19, aos 59 anos, após um acidente doméstico. Deixa a mulher, Marina, e os filhos Cristina, Fernanda e José Paulo.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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