Folha de S. Paulo


Haroldo Palo Júnior (1953-2017)

Mortes: Lente da natureza brasileira por quase 40 anos

Foram 11 anos até Haroldo Palo Jr. conseguir fotografar um pavãozinho-do-pará. Quando avisaram ter visto um ninho dentro de uma reserva em MT, ele não poderia esperar mais. Colocou os equipamentos na caminhonete, comeu estrada por dois dias, pegou chalana e andou a cavalo até chegar à beira do rio onde estava o animal.

O tamanho do feito pode ser medido pelas palavras de Haroldo, que dizia ter sido essa a maior emoção da sua vida. Afinal, ele foi parceiro de Jacques Cousteau na Amazônia; participou de expedições na Antártida um sem número de vezes; foi o responsável pela produção brasileira da série "Planeta Terra", da BBC.

Das figurinhas do chiclete Ping Pong a livros acadêmicos, ele foi responsável por alguns dos mais importantes registros da natureza brasileira.

Formado em engenharia eletrônica e fotógrafo amador, era professor de cursinho quando começou, no final dos anos 70. Foi convidado por um aluno a passar uns dias na casa de sua família no Pantanal. Acabou ficando dois anos.

"No início, o trabalho dele era voltado a sensibilizar as pessoas, mostrar o belo", afirma a mulher, Isadora.

A degradação das condições ambientais, contudo, também passou a pautá-lo. "Ele tinha uma indignação crescente", diz Isadora.

Nos últimos dez anos, dedicou-se muito à sua editora, a Vento Verde. Planejava tirar um ano para viajar o país e coroar a carreira com sua obra definitiva: um dicionário dos animais brasileiros.

Morreu dia 25, aos 64, em São Carlos (SP), após um infarto. Deixa a mulher, grávida de cinco meses, três filhos e a mãe.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

-

Veja os anúncios de mortes
Veja os anúncios de missas


Endereço da página:

Links no texto: