Mario teve uma vida curta, mas de alta voltagem: temperamental e dono de uma oficina autoelétrica, infartou aos 58 anos durante o trabalho.
Ida, viúva precoce, estreava um estado civil que duraria mais uns bons 39 anos. A despeito do sangue calabrês, levou a vida sem solavancos nem sobressaltos.
Filha de um imigrante que ajeitou-se como sapateiro, teve a infância e a mocidade que se espera de uma ítalo-brasileira do Bixiga na época. Toda a sua rede de contatos foi costurada em torno da Paróquia Nossa Senhora Achiropita, santa da qual era devota.
Conheceu o marido numa das festas do bairro paulistano e com ele teve gêmeos: Márcio e Mario Filho.
Além da calma, outro ponto que se destacava em sua personalidade era a solicitude. "Ajudava a vizinhança a fazer comida, olhava as crianças dos outros quando precisava", diz Mario Filho.
Informada, lia jornais e assistia à TV –programas noticiosos e missas televisionadas eram sua programação favorita. "Ela também lia muitos livretinhos contando as vidas de santos", segue o filho, enumerando outras divindades seguidas pela mãe.
Era companhia constante da família em viagens. Preferia destinos como Campos do Jordão e Itapecerica da Serra –a praia não era seu forte.
Independente, nunca precisou de cuidadora nem de ninguém para ajudá-la com as tarefas do lar –embora uma labirintite tenha prejudicado sua capacidade de locomoção nos últimos anos.
Morreu no último dia 15, aos 95, de insuficiência renal e pulmonar. Deixa dois filhos, três netas e uma bisneta.
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