Folha de S. Paulo


Ciro Gonçalves Dias Júnior (1940-2017)

Mortes: Professor de piano e especialista em Guiomar Novaes

Arquivo Pessoal
Ciro Gonçalves Dias Júnior (1940-1977)
Ciro Gonçalves Dias Júnior (1940-1977)

Um menino com menos de dez anos se senta ao piano, ajeita a banqueta para alcançar os pedais e, pelos minutos seguintes, executa magistralmente um concerto de Mozart.

O enredo é de vídeo viral, mas com os alunos de Ciro Gonçalves Dias Júnior essa era a tônica –o prodígio não era o garotinho, mas o mestre.

"Os pequenos se desenvolviam que nem rojão e desandavam a tocar coisas difíceis", diz Helena Marcondes Machado, que também tomou aulas com o professor.

Natural de Santos (SP), Ciro nunca teve um plano alternativo: dedicou-se ao instrumento desde os nove anos.

Assistente do maestro João de Souza Lima, foi próximo das pianistas Antonieta Rudge e Guiomar Novaes. Da obra da última, mantinha amplo acervo –o conhecimento sobre sua criação levou Ciro a ser convidado a palestrar em importantes escolas de música dos EUA, como a Juilliard e a Universidade de Miami.

O leque de discípulos era variado: ia desde crianças a músicos consolidados, que buscavam aperfeiçoar seus dotes com ele. A reputação de mentor lhe garantia assento nos júris de muitos concursos.

Muito ligado à comunidade japonesa (era seguidor da Igreja Messiânica, religião indissociável da cultura daquele país), foi instrutor de confiança de muitas famílias de executivos nisseis que vinham ao Brasil a trabalho.

"Ter vivido apenas de música num país como este mostra o quanto era batalhador", afirma João Antonio Parizoto, seu assistente por 20 anos.

Morreu aos 77 anos, após uma pneumonia –há tempos fazia tratamento contra leucemia. Deixa mãe e irmã.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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