Alfredo não era de aprontar, mas mesmo assim foi expulso da escola aos 15 anos. Seu pai, um rico madeireiro, tampouco era mau pagador, o que não impediu o governo de bloquear as remessas que fazia para quitar as mensalidades do novo colégio do filho, na Inglaterra.
Quando chegou ao Brasil, em 1939, a retrospectiva da vida de Alfredo, judeu alemão, era um rosário de injustiças. Quando teve algum poder, tratou de não replicá-las: foi um dos primeiros empresários do país a disponibilizar advogados aos empregados.
A vida de industrial começou no final da década de 1940, após uma malograda tentativa de cultivar algodão no Recife. Ao lado do irmão e de um primo, fundou a Mapri, no antigo bairro fabril da Pompeia, em São Paulo. Com o passar dos anos, o estabelecimento tornou-se a maior fábrica de parafusos do país.
Também foi muito ativo em entidades de classe: chefe do sindicato patronal de seu setor, chegou a ser vice-presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), onde aproximou-se de José Mindlin e Celso Lafer.
Sem poder saciar o apetite intelectual desde a adolescência, entrou na faculdade só depois de ter se firmado como homem de negócios. Graduou-se e concluiu um mestrado em filosofia do direito no largo São Francisco.
Bom tenista e ávido leitor de biografias, tinha um amplo repertório de piadas de judeu –o senso de humor, palpita o filho Marcos, seria fruto dos anos roubados na Inglaterra.
Morreu neste sábado (11), aos 96 anos, de falência de múltiplos órgãos. Deixa mulher, três filhos e quatro netos.
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