Folha de S. Paulo


Arno Engelmann (1931-2017)

Mortes: Pianista diletante e professor titular da USP

Cecília Bastos/Jornal da USP
Arno Engelmann (1931-2017)
Arno Engelmann (1931-2017), à esquerda

O pai de Arno tinha motivos para se preocupar, e ao menos dois deles traçaram o caminho do filho.

O primeiro não era exclusividade sua: a conjuntura dos anos 1930 não era alvissareira para uma família judia em Berlim. Foram para a França, mas a Europa era pequena demais para a infecção que a atacava. Arno tinha só dez anos quando embarcou para o Brasil, seu terceiro –e último– endereço.

O segundo receio também tinha a ver com a sobrevivência do filho, mas não era inquestionável –e, talvez por isso, seu efeito não foi direto.

Arno tinha talento musical e queria ser pianista, mas a ordem paterna era escolher uma carreira tradicional. Medicina lhe parecia a menos pior, e entrou na USP em 1952.

A vocação, prática ao piano, logo se revelou teórica fora da música. Arno então se matriculou em filosofia, com o objetivo de conciliar os estudos nas duas faculdades.

Uma disciplina que só depois tornou-se autônoma direcionou-o definitivamente: foi precursor do Instituto de Psicologia da USP, engatou uma sólida trajetória como pesquisador e tornou-se professor titular da casa –destacou-se nos campos da psicologia social e experimental.

Dando aulas, conheceu Lucy, sua mulher por mais de 50 anos. Era reservado, mas afetivo. "Ele gostava muito das pessoas, de ouvir os outros. Tinha um sorriso que encorajava a falar", lembra ela.

Viajavam sempre que podiam –Paris era o destino favorito– e, aos sábados, assistiam a concertos na Osesp.

Morreu no último dia 3, aos 85 anos, após um mal súbito. Deixa Lucy, familiares e amigos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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