Folha de S. Paulo


Lívia Cristina Hernandes (1987-2017)

Mortes: Fez da doença uma ponte e não um abismo

Arquivo Pessoal
Lívia Cristina Hernandes (1987-2017)
Lívia Cristina Hernandes (1987-2017)

Com os cabelos longos, curtos ou mesmo com um turbante ao redor da careca: Lívia Hernandes estava sempre com um sorriso rasgado no rosto, mesmo que o ar parecesse um pouco cansado e a voz desse sinais de fraqueza.

De Franca (SP), Lívia era a segunda de três irmãos. Mantinha a alegria de menina mesmo com o avanço da idade e um otimismo que destoava. Mas, talvez pelo contraste com a rotina de tratamentos, foi diante do câncer de mama que seu sorriso passou a chamar mais a atenção.

O diagnóstico veio aos 27 anos. A própria Lívia parafraseava Chico Xavier para explicar como foi. Dizia ter encontrado duas formas de ver a doença: ela podia ser uma ponte ou um abismo. A eterna menina alegre escolheu a ponte.

Veio a mastectomia, o congelamento de óvulos e as sessões de quimioterapia. Tudo compartilhado no seu blog, onde também dava dicas e sugestões a pessoas que passavam pelo mesmo tratamento.

Recebeu alta seis meses após o início, mas logo um outro nódulo, agora na axila, a levou de volta ao tratamento. Por três anos, Lívia passou por altos e baixos, um procedimento atrás do outro, mas também terminou o mestrado, curtiu a sobrinha, viajou e foi pedida em casamento no topo da torre Eiffel. O doutorado estava pronto, mas não teve tempo de apresentá-lo à banca.

No último dia 25, ela reuniu a família em seu quarto pra se despedir. Conseguiu dar um celular de presente à mãe, pelo Natal, e repetiu que tudo ficaria bem. Morreu no dia seguinte, aos 30 anos, deixando os pais, um irmão, uma irmã, o noivo e a sobrinha.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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