Folha de S. Paulo


Lélio Raphanelli (1930-2017)

Mortes: Um jornalista que acumulava vários empregos

O relógio marcava 4h e Lélio Raphanelli já estava na rua. Passava na banca, comprava todos os jornais e seguia para o escritório –às vezes na companhia do filho ainda pequeno. Em pouco mais de três horas, ele lia tudo, fazia recortes e anotações.

Essa era a primeira etapa do dia desse carioca, que nos anos 60 chegava a acumular três, quatro empregos. Depois do clipping, deixava o papel de assessor de imprensa e seguia para o Ministério do Trabalho e Emprego, onde atuou por décadas. À tarde, era a vez da Redação do jornal.

As carreiras seguiam em paralelo, mesmo depois que Lélio se mudou para Brasília, em 1971. Passou por jornais como "Diário de Notícias" e "Correio Braziliense", cobriu três Copas e lembrava com orgulho de quando conheceu o Pelé.

O futebol era, na verdade, uma paixão para ele. Contava que na adolescência ia jogar no subúrbio do Rio e, se ganhasse, tinha que fugir com todo o time pra não apanhar.

Já mais velho, assustava os desavisados com gritos e xingamentos quando assistia aos jogos na TV, principalmente do Vasco. Mas era de entusiasmo, nada de mau humor. Lélio amava piadas e só perdia o sorriso quando a comida vinha ruim, brinca a nora, Mara.

Além dos jogos e dos pratos "espetaculares" –com o "s" sempre bem puxado–, Lélio dedicava seu tempo aos netos, aos livros e à igreja, principalmente depois da aposentadoria. Repetia sempre, orgulhoso, que era oblato do Monastério de São Bento.

Viúvo, morreu no último domingo (8), aos 87, devido a uma doença no fígado. Deixa dois filhos, nora, genro, quatro netos e dois bisnetos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

-

Veja os anúncios de mortes
Veja os anúncios de missas


Endereço da página:

Links no texto: