Folha de S. Paulo


'Swat' da PM de Alckmin emperra há um ano em oficina com série de falhas

Tenente PM Santini/PMESP
Veículo blindado Wolf, entregue em 2016 para modernização da frota da PM em São Paulo
Veículo blindado Wolf, entregue em 2016 para modernização da frota da PM em São Paulo

Quatro veículos blindados adquiridos pelo governo de São Paulo e importados de Israel para tropas especiais da Polícia Militar –as "Swats" da corporação– estão parados há mais de um ano na oficina em razão de uma série de problemas de funcionamento.

No último incidente, ocorrido meses atrás, segundo a Folha apurou, a roda de um desses blindados partiu ao meio durante treinamento com as equipes táticas.

Esses veículos foram adquiridos pelo governo paulista dentro de um pacote de modernização da frota do Batalhão de Choque, lançado em 2015, e está na atual peça publicitária do PSDB em que o governador Geraldo Alckmin aparece enaltecendo os próprios feitos na segurança.

Foram comprados ao todo 14 veículos ao Batalhão de Choque, um investimento total superior a R$ 32 milhões.

Além de seis carros para transporte de efetivo, há quatro com lançadores de água (para serem utilizados em manifestações) e quatro blindados para operações especiais.

Foram esses últimos que apresentaram problemas. Cada um deles custou aos cofres públicos R$ 1,4 milhão, dinheiro já pago à empresa após recebimento da frota.

Eles são do modelo Wolf, da fabricante Israelense Carmor, com capacidade para nove pessoas e montados sobre chassi de Ford F500 (4x4).

OCASIÕES ESPECIAIS

Os blindados deveriam ser utilizados por grupamentos do COE (Comando de Operações Especiais) e do Gate (Grupo de Operações Táticas Especiais), acionados somente em ocasiões especiais.

O primeiro atua em regiões de difícil acesso, como matas. O segundo, na área urbana, como a Swat americana.

Segundo a Folha apurou, desde maio de 2016, quando foram entregues após liberação pelo Exército e Receita Federal, os veículos começaram a apresentar problemas.

Uma das primeiras falhas detectadas foi o surgimento de labaredas de fogo no sistema de freios. O início de incêndio foi notado por um policial que estava filmando o deslocamento do veículo.

A empresa tentou minimizar o problema dizendo que o acionamento do freio do motor poderia evitar o superaquecimento, mas o argumento não foi aceito pela PM –que exigiu o reparo.

Outra falha encontrada nesses modelos foi, segundo policiais ouvidos pela Folha, o mau funcionamento das portas. Dependendo da inclinação do veículo –e também devido ao peso da blindagem–, os policiais não conseguiriam desembarcar.

A reportagem não conseguiu contato com a fabricante nesta segunda-feira (9), mas apurou que dirigentes da empresa israelense informaram ao governo paulista que virão a São Paulo para analisar as queixas sobre os blindados.

Além da roda que quebrou –todas deverão ser substituídas–, os policiais também notaram um barulho estranho na suspensão de um deles. O receio é que haja um acidente durante um deslocamento.

SEM PRAZO

Ainda não há previsão de quando os veículos blindados poderão ser empregados na atividade policial.

Procurada, a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo confirmou problemas com essa frota contratada.

A pasta ligada à gestão Alckmin afirmou que, após inspeções, "os veículos foram submetidos a testes, período no qual foram realizados alguns ajustes técnicos".

Segundo a secretaria, em janeiro eles foram colocados para treinamento dos policiais, mas, há aproximadamente 90 dias, foi detectada falha na roda de um dos veículos.

O órgão afirmou que a Polícia Militar, "por precaução", pediu a "substituição das rodas de todos os veículos, conforme a garantia de cinco anos prevista em contrato".

Ainda segundo a gestão Alckmin, "a manutenção é acompanhada pela equipe técnica da PM, que reavaliará os veículos após a conclusão dos trabalhos para recolocá-los em uso". "Em caso de descumprimento de contrato, a empresa responsável sofrerá as sanções previstas em contrato", afirmou.


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