Folha de S. Paulo


Análise

Aprovação de Doria recua também entre moradores de bairros nobres

Ao completar dez meses à frente da Prefeitura de São Paulo, João Doria (PSDB) experimenta uma espécie de "efeito rebote" da opinião pública. No processo eleitoral que culminou com sua vitória, o tucano conquistou primeiro o eleitorado mais rico e escolarizado da cidade para, só na véspera do pleito, alcançar estratos mais carentes na periferia, especialmente na zona leste.

A queda de sua popularidade agora apresenta movimento inverso –já tinha sido detectada como tendência desde abril entre os de menor renda e de extremos da cidade, mas começa hoje a se manifestar entre os mais ricos e escolarizados.

Na área da zona leste, que agrega distritos como Itaquera, São Miguel, Aricanduva e Cidade Líder, a aprovação a Doria já consolidava variação negativa de 12 pontos percentuais até o mês de junho. Na região norte mais distante, que reúne bairros como Perus, Brasilândia e Pirituba, a queda consolidada também chegava a dez pontos no mesmo período. No centro expandido, essa mudança só é expressiva agora, depois de dez meses de gestão.

Como há alta correlação entre o grau de escolaridade e renda com os bairros onde os entrevistados moram, o padrão de prejuízo à imagem do prefeito se repete a partir dos menos escolarizados e com menor renda até chegar agora nos que têm nível superior e que ganham mais de dez salários mínimos. Nestes dois estratos, nos últimos quatro meses, a aprovação a Doria caiu 15 e 8 pontos, respectivamente.
mais pobres

Mas o prefeito continua sendo muito pior avaliado entre os mais pobres -a participação do segmento dos que recebem até dois salários mínimos de renda familiar na composição de sua taxa de reprovação supera a média na população em mais de dez pontos percentuais.

E, apesar da queda, a aprovação do tucano continua bem mais expressiva entre os que possuem renda superior a dez salários mínimos, onde ainda conta com o apoio da maioria.

Datafolha avaliação do prefeito Joao Doria

Por regiões, a avaliação positiva é mais nítida na zona oeste, que reúne bairros como Perdizes, Itaim Bibi, Jardim Paulista e Morumbi, como também na área mais rica da zona sul, que agrega distritos como Vila Mariana, Ipiranga e Moema.

As principais razões para a queda de popularidade do prefeito são a crescente percepção dos paulistanos de que Doria frustra expectativas de governo como também a sensação de que o tucano se preocupa mais consigo do que com a cidade.

Quanto ao primeiro aspecto, nota-se um aumento importante, de 11 pontos percentuais, na taxa dos que dizem que o prefeito fez menos pela cidade do que esperavam. O índice vai se aproximando do percentual elevado de paulistanos que não enxergam melhorias no seu bairro já há algum tempo. Quanto menor a diferença entre os dois resultados -que já foi de 28 pontos e agora está em 11- menor também os reflexos da propaganda oficial sobre a opinião do eleitorado.

Sobre o segundo ponto, a ideia de que o prefeito viaja mais do que deveria fazendo campanha eleitoral, e que isso pode trazer mais prejuízos do que benefícios para o município, gera rejeição à sua eventual candidatura para presidente e cobrança de compromissos assumidos junto a seus eleitores.

Seu padrinho eleitoral, Geraldo Alckmin (PSDB), assume a preferência dos moradores da capital para a disputa, inclusive entre os simpatizantes do partido, onde consegue 55% das indicações.

Se não corrigir estratégias, inclusive na redes sociais, onde é seguido especialmente pelos mais ricos e escolarizados, Doria corre o risco de se transformar no oposto daquilo que vendeu -pode revelar-se um político tradicional que age mais por interesses próprios do que pelo interesse de seus representados.

Datafolha - Avaliação gestão Doria - Prefeitura de São Paulo - Outubro - Out.2017 - NOVE MESES DE GESTÃO DORIA - Como os paulistanos avaliam o mandato do tucano na Prefeitura de São Paulo até agora
Datafolha - Avaliação gestão Doria - Prefeitura de São Paulo - Outubro - Out.2017 - AVALIAÇÃO DO PREFEITO - Como outros prefeitos foram avaliados e como paulistanos veem diferentes pontos da gestão Doria

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