Folha de S. Paulo


PM busca criminosos em favelas do Rio e já identificou 59 suspeitos

As polícias do Rio buscam criminosos da Rocinha em outras favelas da cidade. Ao todo, 59 pessoas já foram identificadas como supostos integrantes dos grupos que entraram em guerra no último dia 17 na Rocinha, em São Conrado, zona sul. Já foram expedidos 29 mandados de prisão.

Desde a madrugada desta terça-feira (26), homens do Bope (Batalhão de Operações Especiais) estão na favela do Borel, na Tijuca, que estaria abrigando criminosos da quadrilha de Rogério Avelino, o Rogério 157, um dos pivôs da guerra na Rocinha. Até a publicação desta reportagem, não havia registro de vítimas, prisões ou apreensões.

Parte dos mandados foi expedida para pessoas que já se encontram presas. O traficante Antônio Bonfim Lopes, o Nem, que dominava o tráfico da Rocinha e se encontra em um presídio federal em Rondônia, é um dos que recebeu novo pedido de prisão.

Assim como ele, Celso Rodrigues, o Celsinho da Vila Vintém, também teve pedido de prisão emitido, ainda que já esteja preso. Partiu de Celsinho a ordem para a tentativa de invasão da Rocinha há pouco mais de uma semana. Nem e Celsinho são da facção ADA (Amigos dos Amigos).

O objetivo da polícia é ampliar o tempo de prisão desses criminosos que ordenaram a guerra de dentro da cadeia. Rogério 157 continua foragido. Ex-braço direito de Nem, ele se negou a devolver o controle do morro, o que desencadeou um racha na facção e a consequente guerra.

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Rogério 157 chegou a deixar a Rocinha durante o conflito, mas teria voltado à comunidade no sábado, a despeito do cerco que é feito pelas Forças Armadas. Homens da Polícia Militar buscam integrantes da quadrilha na parte alta da favela e também na mata.

Bandidos foram vistos em rotas de fuga pela mata a medida que o cerco se fechava. Criminosos foram vistos no Horto, área turística e de floresta no Jardim Botânico, zona sul do Rio. A partir da mata no alto da Rocinha também é possível seguir em direção à Tijuca, zona norte, onde homens da gangue de Rogério 157 estão sendo recebidos em favelas do CV (Comando Vermelho).

Depois de quase uma década longe da Rocinha, o Comando Vermelho, que é a maior facção do Rio, está vendo no racha do ADA uma oportunidade de retomar as bocas da favela, que estão entre as mais rentáveis do Rio.

A Polícia Federal tenta negociar com familiares de Rogério 157 para que ele se entregue. O último contato, contudo, ocorreu na última sexta-feira (22). No sábado (23), homens da PF e do Bope encontraram uma casa de luxo na favela que seria de Rogério.

BALANÇO

Até esta terça, 11 pessoas foram presas e sete morreram nos confrontos. A secretaria de Segurança Pública do Rio divulgou no final do da segunda um balanço da operação, que já teve a apreensão de 23 fuzis e 2.552 munições.

A 11ª DP (Rocinha), que concentra as ocorrências da operação, divulgou a apreensão de seis pistolas, 15 granadas e outras 10 granadas de fabricação caseira.

DODGE

Em entrevista à imprensa nesta terça, a nova procuradora-geral da República, Raquel Dodge, afirmou que se reuniu à tarde com os ministros Raul Jungmann (Defesa), Torquato Jardim (Justiça) e Sérgio Etchegoyen (Segurança Institucional) para discutir a natureza e a dimensão da crise de segurança no Rio.

"Começamos a alinhar nossas percepções a respeito do que ali se passa. Começamos a identificar quais os problemas que são da alçada federal e devo lhes dizer que as conversas irão continuar nos próximos dias", disse Dodge.

Segundo ela, crimes como associação para o tráfico internacional de drogas e armas, e crimes conexos, como receptação, lavagem de dinheiro e corrupção são da competência do Ministério Público Federal e há a possibilidade de ser criada uma força-tarefa para atuar no Rio.


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