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Condenado por crime sexual em voo, preparador Nuno Cobra é solto em SP

Paulo Gomes/Folhapress
O preparador físico Nuno Cobra deixa a carceragem da Polícia Federal em São Paulo
O preparador físico Nuno Cobra deixa a carceragem da Polícia Federal em São Paulo

O preparador físico Nuno Cobra, 79, foi liberado da carceragem da Polícia Federal de São Paulo na noite desta quinta (14), após liminar concedida pelo TRF-3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região).

Cobra, que estava preso desde segunda (11), teve que pagar uma fiança de 45 salários mínimos para poder ir para casa. Além disso, a decisão determinou que ele entregue seu passaporte nas próximas 24 horas e que ele permaneça em recolhimento domiciliar durante os horários em que não estiver trabalhando.

Ele deixou a Superintendência da Polícia Federal carregando uma rosa vermelha. Dentro do carro, reagiu ao cerco dos fotógrafos levando as mãos ao rosto, e aparentou chorar.

O preparador físico foi condenado a 3 anos e 9 meses de prisão por violação sexual mediante fraude durante um voo em 2015. A pena havia sido convertida em serviços comunitários, mas a Justiça decretou sua prisão preventiva diante de uma nova suspeita de abuso sexual, ocorrida em agosto.

À Folha, o advogado de Cobra, Sergei Arbex, afirmou que a decisão corrige a "discrepância entre a condenação que ele sofreu [prestação de serviços comunitários] e a prisão preventiva".

Ao conceder o pedido de habeas corpus apresentado por Arbex na segunda, a juíza federal convocada Giselle França alegou que a prisão preventiva de Cobra era desproporcional.

"O magistrado não pode impor ao acusado um encarceramento mais grave, de natureza cautelar, do que aquele que lhe seria aplicado em caso de condenação."

RELATOS

No último dia 6, Cobra foi condenado por ter apalpado os seios e as pernas de uma passageira durante a decolagem de um voo de Curitiba a São Paulo, em janeiro de 2015. A vítima disse que ele a tocou sob a justificativa de manipular pontos energéticos.

A juíza Raecler Baldresca, da 3ª Vara Criminal da Justiça Federal de São Paulo, substituiu a pena de prisão por prestação de serviços comunitários e pagamento de multa.

No entanto, a juíza decretou a prisão preventiva de Cobra após pedido do MPF (Ministério Público Federal) noticiando nova suspeita de abuso. O crime teria ocorrido em agosto e a vítima, uma jornalista, teria sido apalpada pelo preparador físico após entrevistá-lo.

Na terça (12), após a prisão de Cobra, uma mulher prestou depoimento ao MPF e relatou que ela teria sido assediada por ele em 2013, durante um evento literário no interior de São Paulo.

OUTRO LADO

Nesta quinta, o advogado de Cobra, Sergei Arbex, voltou a afirmar que o preparador físico é inocente no caso do voo e se negou a comentar os outros dois casos. "Acreditamos na completa inocência. Já apelamos e entendemos que o tribunal vai absolvê-lo". Segundo ele, não há provas de que Cobra tenha tocado a vítima com conotação sexual.

Com relação aos outros dois casos, Arbex disse não ter base para fazer comentários. "Não tem outra acusação [formal], a gente nem sabe o que aconteceu."


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