Folha de S. Paulo


Odete Fernandes de Souza (1931-2017)

Mortes: Dona Odete, desde pequena baiana de coração

Arquivo Pessoal
Odete Fernandes de Souza (1931-2017)
Odete Fernandes de Souza (1931-2017)

Foi ainda criança, ao ver os desfiles das escolas de samba Lavapés e Príncipe Negro de Vila Prudente, que dona Odete, paulistana do Bixiga, se encantou pela ala das baianas. Virou primeiro baiana de coração, para entrar na ala no anos 1980. Na época, morava na Penha (zona leste) e desfilou pela Nenê de Vila Matilde, onde ficou por 35 anos.

Empregada doméstica e cozinheira na Polícia Militar, dona Odete gostava de preparar pratos típicos da Bahia e visitar Aparecida, no interior de SP, nas suas férias –era grande devota da santa.

Mãe de três filhos, tinha toda a família ligada ao samba. Assim, ela estava sempre nos eventos, ajudava na confecção de fantasias e até colecionava canecas de chope das agremiações. Nos anos 1990, entrou para as Tias Baianas Paulistas, que reúne baianas das tradicionais escolas de samba da capital paulista.

Apesar de carinhosa, os filhos recordam que era também rigorosa. "Quando a gente chegava tarde dos bailes sem avisar, o bicho pegava. Na escola não podíamos perder uma aula, senão não tínhamos passeios", diz Jairo. "Com 13 anos a gente vendia sorvete e geleias nas ruas. Demos valor ao trabalho. Foi o maior legado dela."

Dona Odete não cuidava só dos filhos, também costumava levar um prato de comida a moradores de rua e ajudar conhecidos que sabia estar passando dificuldades.

Ficou mais debilitada nos últimos dois anos devido a problemas cardíacos, mas nunca deixou o samba. Parou só no último dia 26, após um infarto, aos 86 anos. Deixa dois filhos, oito netos, dez bisnetos e dezenas de amigos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

-

Veja os anúncios de mortes
Veja os anúncios de missas


Endereço da página:

Links no texto: