Folha de S. Paulo


Sérgio Ceotto (1933-2017)

Mortes: Serjão da musculação inaugurou o fitness em Americana

Reprodução/Facebook
Sérgio Ceotto (1933-2017)
Sérgio Ceotto (1933-2017), em desfile de 7 de setembro em Americana (SP); data indefinida

"Serjão! Serjão! Serjão!"

Sérgio Ceotto ouvia a plateia gritar seu nome depois que, confirmando prognósticos, a atração principal do circo despachou seu primeiro oponente naquela noite. O burburinho sobre ela já era grande antes de a companhia chegar em Americana: uma temida lutadora que devastava os adversários por onde passava no interior de SP.

Ao subir no ringue, um homem o puxou. "Se ganhar, leva mil; se perder, são 5.000". Serjão balançou –os tempos andavam bicudos. Tomou uns cascudos no começo da luta, mas não aguentou. Preferiu o prêmio menor.

A expectativa em torno do duelo era óbvia. Desde quando se mudou para a cidade, aos 17, Serjão se tornou uma celebridade local. Dono de um porte descomunal, foi precursor do halterofilismo na região –improvisava os halteres com barras de ferro e blocos de cimento.

Foi com essa criatividade que abriu sua primeira academia, no porão do Rio Branco Esporte Clube. Sem dinheiro para comprar os aparelhos que via em anúncios, ele mesmo os soldou e fabricou.

Era fã de lutas. Seus alunos mais antigos são testemunhas (não necessariamente por vontade própria). "Ele montou um ringue pequeno no porão e trancava a porta. Só deixava o pessoal ir embora depois que todos lutassem com ele", conta o filho André.

Passaram-se 65 anos desde a primeira sessão de musculação e o endereço mudou, mas os equipamentos de ferro e cimento são maioria até hoje na academia do Serjão.

Morreu aos 84 anos, após quatro lutando contra um câncer. Deixa cinco filhos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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